Os juros da dívida dos países do sul da Europa, incluindo Portugal, estão a subir esta quinta-feira, depois de ter sido noticiado que o novo mecanismo que o BCE prometeu apresentar a 21 de julho, data da próxima reunião do Conselho, já tem um nome (preliminar) mas poderá não estar pronto a tempo. Este é o mecanismo com que o BCE vai tentar prevenir a dilatação demasiado pronunciada dos prémios de risco da dívida de alguns países, ou seja, evitando divergências grandes demais nos custos de financiamento dos vários países.
Segundo as fontes contactadas pela agência Bloomberg, houve mais uma reunião na quarta-feira, para prosseguir com o planeamento da medida, mas essa reunião demonstrou que ainda há muito trabalho a fazer e consensos a formar. Os responsáveis do BCE em Frankfurt mantêm alguma confiança de que os principais pontos de discórdia ainda poderão ser resolvidos até ao dia 21 de julho, mas isso não é visto como uma certeza pelas fontes ouvidas pela Bloomberg.
A reunião a 21 de julho é aquela onde se antecipa que o BCE anuncie a primeira subida das taxas de juro desde 2011. Está relacionado com isso um dos principais pontos de discórdia no seio do BCE, já que alguns responsáveis temem que seja uma medida que anule o efeito da subida da taxa de juro no controlo da inflação.
Por outro lado, os responsáveis também estão a tentar alinhar posições sobre que condições e compromissos devem ser assumidos por parte dos países que beneficiam das eventuais compras de dívida. Há, ainda, preocupações acerca dos problemas legais que podem surgir caso o BCE intervenha no mercado para baixar os custos de financiamento de um ou mais países.
Ainda assim, o programa já parece ter um nome preliminar – que, sublinhe-se, poderá mudar até ao momento do anúncio. O programa deverá chamar-se Transmission Protection Mechanism (TPM), ou seja, Mecanismo de Proteção da Transmissão, um nome que se justifica pelo facto de o BCE alegar que as compras de obrigações que poderão ser feitas servem para assegurar uma transmissão adequada da política monetária, ou seja, para tentar evitar que as políticas decididas em Frankfurt produzam efeitos demasiado díspares nos vários países da zona euro.
Seja este, ou não, o nome escolhido para o programa, os mercados financeiros estão, como seria de esperar, a valorizar mais a componente da notícia da Bloomberg que diz respeito ao possível atraso no lançamento do programa. As taxas de juro da dívida portuguesa estão a saltar 10 pontos-base no prazo a 10 anos, para quase 2,4%, ao passo que os juros de Itália estão a aumentar 14 pontos para 3,38% no mesmo prazo.