À semelhança do que acontece nos combustíveis, Portugal vai criar uma reserva estratégica nacional de gás que não existe, anunciou João Galamba, secretário de Estado da Energia e Ambiente, numa audição parlamentar. As reservas existentes atualmente são das operadoras. Mas vai haver uma reserva nacional.
Para isso será aumentado o número de cavernas e o volume de armazenamento. Atualmente há seis cavernas utilizadas pela REN. “Vamos em princípio avançar para mais três cavernas que permitirão armazenar a reserva estratégica nacional”, salientou o secretário de Estado.
A taxa de armazenamento atual é alta, uma das maiores na União Europeia e assumindo que não percebe bem o número, o facto é que a taxa de armazenamento está atualmente em 105% (o número dado por Duarte Cordeiro na audição parlamentar). Uma taxa elevada mas que em termos de qualidade é baixa: “só temos para 19 dias”. Na audição anterior, Duarte Cordeiro tinha realçado a baixa dependência na compra do gás de Portugal à Rússia e à Argélia, estando o país a diversificar a origem das compras. “Neste momento temos um conjunto países para os quais adquiriremos: EUA, Nigéria, Trinidad e Tobago e Qatar.
João Galamba, por sua vez, salienta que o investimento no Carriço vai servir o presente e o futuro, já que a opção por cavernas permitirá que, no futuro, serviam para hidrogénio, o que não era possível se fosse em reservatórios. “Carriço tem mais facilidade de adaptação e versátil”.
Em comissão parlamentar, Galamba voltou a defender os investimentos em hidrogénio, assumindo que acredita que vai ser o maior projeto industrial em Portugal desde o 25 de abril. E em todo o país. “Quem empurrou o hidrogénio, e muitas vezes tem de entrar a martelo, foi o Governo. Havia no início muitos céticos”, afirmou, deixando uma mensagem futura: “Falamos daqui a uns tempos”, declarou a pensar ainda em quem não acredita.
Numa audição que visava falar sobre os investimentos na rede de transporte de energia, João Galamba deixou outra garantia: “Os investimentos previstos não são de expansão da rede de gás, mas sim os investimentos normais de manutenção para as redes continuarem a funcionar. Os únicos novos investimentos são os de adaptação dessa rede ao gás renovável”. Garantiu que haverá cautela na aprovação desse investimento.
Mas garantiu que o Governo não autorizará nenhum investimento de expansão para cativar novos consumidores domésticos para o gás. “O objetivo é a eletrificação e o gás renovável será importante mas complementar”.
Quanto às eólicas também garantiu que não vão ficar a marinar, mas a aposta é para o repowering — ou seja, reconversão de centrais eólicas antigas por tecnologia mais moderna — e para a hibridização com o solar (combinação das duas tecnologias).
Deu como exemplo um caso em Mação em que um parque com seis eólicas foi convertido numa única infraestrutura. Há incentivos para esse repowering e dispensa-se também a revisão de impacte ambiental, uma vez que mantém ou diminui um número de torres.