O “chairman” do Millennium bcp, Nuno Amado, acredita que será necessário um aumento de provisões, devido ao atual contexto inflacionista, mas diz não estar “excessivamente preocupado” com o aumento esperado de malparado.
Num almoço-debate do International Club of Portugal, em Lisboa, com o tema “Os desafios do crescimento, o papel da banca, e os preconceitos”, quando questionado sobre o impacto da inflação para o malparado dos bancos, Nuno Amado disse que vai existir “efeito NPL [sigla em inglês para ‘non-performing loans’], mas afirmou não estar “excessivamente preocupado”.
Creio que vamos ter um aumento das necessidades para fazer algumas provisões, mas que são perfeitamente assumíveis e perfeitamente adequadas”, afirmou.
O “chairman” do Millennium bcp admitiu que irá “haver um risco maior de crédito vencido, de ‘non-performing loans'”, mas sublinhou que “hoje os bancos têm não só mais capital, mas também têm bons sistemas de seguimento, controlo”.
Nuno Amado vincou que atualmente “a qualidade das carteiras é incomparavelmente melhor”, além de “muito menos concentrado, muito mais diversificado”.
Esta crise é diferente das crises anteriores. Esta crise tem uma componente energética, uma componente logística distinta. Se é uma sugestão que posso fazer é focar menos na banca e focar mais em como ajudar a resolver os problemas que estão na base da atual crise, apoiando as empresas, apoiando os setores, apoiando as famílias que estão com mais dificuldade”, argumentou.
Para o responsável do Millennium bcp “a probabilidade de recessão é grande”, salientando que, apesar de esperar “que seja curta”, terá “maiores efeitos do que os que hoje se estimam”.
Frisou ainda que a inflação deverá ser mais persistente do que o atualmente se estimado, contudo, defendeu que estamos perante um “processo saudável de normalização” da política monetária.
O que tivemos até agora era um processo que não era saudável. Este é o novo normal. É o que temos de ter na economia para que funcione de forma adequada”, disse.
Questionado, na sessão de perguntas e respostas, pelo CEO do Novo Banco, António Ramalho, sobre o que pode acontecer se “houver algum risco específico de aumento de nível de risco das empresas portuguesas” dada a percentagem de capital de espanhol, Nuno Amado afirmou: “hoje estamos melhor preparados”.
“Acho que com 40% de banca espanhol, provavelmente, em termos de diversidade e concorrência estamos hoje melhor do que estávamos anteriormente”, disse, salientando: “a nível europeu em termos de dimensão somos um mercado pequeno, não contamos em termos de problemas de concentração”.