A Fundação Calouste Gulbenkian vai entregar, ao Museu Nacional da Música (MNM), em Lisboa, o espólio do compositor e pianista José Vianna da Motta (1848-1968), que tinha à sua guarda, na próxima terça-feira à tarde.

Em comunicado, o MNM assinala ser este “um importante espólio do panorama musical português, que vem enriquecer o acervo do Museu”.

O MNM realça que Vianna da Motta esteve “na formação do Museu, enquanto diretor do Conservatório Nacional“, funções que exerceu de 1918 a 1838.

A iniciativa é celebrada com um recital pelo pianista João Costa Ferreira, “Vianna da Motta e seus Contemporâneos”.

O espólio de Vianna da Motta é constituído pela sua biblioteca, com 3.473 publicações periódicas e monografias, “muitas dos quais com marginália do compositor”, e objetos pessoais, entre eles, uma batuta com as inicias “VM”, um busto em bronze de José Vianna da Motta (1868-1948) de autoria de Francisco Franco, feito a partir de um modelo em gesso de Teixeira Lopes, e o colar da Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada que lhe foi atribuído a 2 de junho de 1938.

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Fonte do MNM disse à agência Lusa que a biblioteca, “devido ao seu volume, será entregue posteriormente, para que seja acondicionada devidamente“.

O recital do pianista João Costa Ferreira, às 18h00, inclui obras de José Vianna da Motta, António Fragoso e Alexandre Rey Colaço.

Alguns dos objetos que compõem o espólio, nomeadamente, as várias condecorações, a batuta e o busto em bronze, estarão em exposição.

Para a sessão é esperada a secretária de Estado da Cultura, Isabel Cordeiro.

José Vianna da Motta foi um dos últimos alunos do pianista e compositor Franz Lizst (1811-1886), tendo sido professor de José Sequeira e Costa (1929-2019) e Maria Helena Sá da Costa (1913-2006), entre outros pianistas.

Como concertista, Vianna da Motta contou centenas de recitais em toda a Europa, tendo tocado, entre outros, com a violoncelista Guilhermina Suggia (1885-1950) e o maestro Bernardo Moreira de Sá (1853-1924).

O músico, que estudou e viveu em Berlim, deixou esta cidade no decorrer da I Grande Guerra (1914-1918), instalando-se em Genebra, na Suíça, em 1915, onde dirigiu a classe de virtuosidade da Escola Superior de Música da cidade, até 1917, quando regressou em definitivo a Portugal.

Em Portugal, exerceu as funções de diretor do Conservatório Nacional, entre 1919 e 1938, tendo liderado uma reforma do ensino musical.

Foi diretor musical da Orquestra Sinfónica de Lisboa, entre 1918 e 1920.

Publicou assiduamente artigos em revistas especializadas alemãs e portuguesas, sobre técnica e interpretação pianísticas, assim como estudos acerca da música de Wagner e do seu professor Liszt, nomeadamente “A vida de Liszt”.

Colaborou com as revistas A Arte da Música e Lusitânia.

Reuniu ensaios em volumes como “Música e Músicos Alemães”.

Como compositor, é autor de cerca de 50 peças, entre elas, a valsa “Gratidão” (1874), Barcarola (1884), “Cenas portuguesas” (1893, 1905 e 1908), “Cantar dos Búzios” (1929) para canto e piano, Quarteto em Sol Maior (1894), assim com da Sinfonia “A Pátria” (1894), que reviu em 1920, entre outras.