A Organização Mundial de Saúde declarou a monkeypox, ou varíola dos macacos, como uma emergência global de saúde pública, o nível mais alto de alerta. Em causa está a extensão do surto a mais de 70 países.
“Temos um surto que se está a espalhar rapidamente à volta do mundo, do qual sabemos muito pouco e que cumpre os critérios dos regulamentos internacionais de saúde”, adiantou o diretor-geral da OMS em conferência de imprensa, após a reunião do Comité de Emergência para avaliar a evolução da doença no mundo.
Perante isso, Tedros Adhanom Ghebreyesus anunciou que “o surto global de Monkeypox representa uma emergência de saúde pública de preocupação internacional”, estabelecendo recomendações para quatro grupos de países.
O primeiro desses grupos inclui os países que ainda não reportaram casos de Monkeypox ou que não têm registo de contágios há mais de 21 dias, adiantou o diretor-geral da OMS, ao avançar que o segundo grupo abrange os países com casos recentes importados e com transmissão entre humanos.
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"For all of these reasons, I have decided that the global #monkeypox outbreak represents a public health emergency of international concern."-@DrTedros pic.twitter.com/qvmYX1ZBAL— World Health Organization (WHO) (@WHO) July 23, 2022
O terceiro grupo de países são os que apresentam transmissão do vírus entre animais e humanos e o quarto inclui os países com capacidade de produção de testes, vacinas e tratamentos, explicou Tedros Adhanom Ghebreyesus.
Segundo disse, o Comité de Emergência para a Monkeypox, que se reuniu na quinta-feira pela segunda vez para avaliar da evolução do surto, não chegou a um consenso, mas a avaliação da OMS é de que o risco é moderado a nível global, exceto na Europa, onde é considerado como elevado.
O diretor-geral explicou que a sua decisão de declarar a emergência de saúde pública de preocupação internacional baseou-se nas informações que mostram que o vírus se espalhou rapidamente a nível global, mesmo em países sem registo prévio de infeções, assim como nas “muitas incógnitas” face aos dados ainda insuficientes sobre a Monkeypox.
“Sei que este não foi um processo fácil ou simples e que existem pontos de vista divergentes entre os membros”, referiu Tedros Adhanom Ghebreyesus, ao recordar que, atualmente, o surto concentra-se sobretudo em “homens que fazem sexo com homens, especialmente aqueles com múltiplos parceiros sexuais”.
Isso significa que se trata de um surto que “pode ser travado com as estratégias certas nos grupos certo”, salientou o responsável da OMS, alertando que o “estigma e discriminação podem ser tão perigosos como qualquer vírus”.
Na primeira reunião do Comité de Emergência, que decorreu há um mês, os peritos não chegaram a um consenso se a Monkeypox representava uma emergência de saúde pública de preocupação internacional (PHEIC, na sigla em inglês), numa altura em que estavam reportados 3.040 casos de 47 países.
Há 14 casos de infeção com varíola dos macacos em Portugal. O que se sabe até agora?
Esta sexta-feira, a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) recomendou a aprovação do alargamento da vacina Imvanex, usada no combate à varíola, para a proteção de adultos contra o vírus, após estudos clínicos que a revelaram eficaz e segura.
[Pode ouvir aqui a análise do virologista João Manuel Braz Gonçalves à decisão da OMS]
Em comunicado, a EMA informou que o comité de medicamentos “recomendou o alargamento da indicação da vacina contra a varíola Imvanex para incluir a proteção dos adultos contra a doença da varíola dos macacos”. Esta vacina foi aprovada na UE em 2013 para a prevenção da varíola.
Portugal totaliza 588 casos confirmados de infeção pelo vírus Monkeypox, 73 dos quais notificados na última semana, indicou esta quinta-feira a Direção-Geral da Saúde (DGS), avançando que já se iniciou a vacinação dos contactos próximos.
De acordo com o relatório semanal da DGS, todas as regiões de Portugal continental e a Madeira reportaram casos de infeção humana pelo vírus VMPX, mas a grande maioria do total de casos (80,3%) foi confirmada em Lisboa e Vale do Tejo.
O Norte é a segunda região do país com mais casos reportados de Monkeypox (55), seguindo-se o Centro (oito), o Alentejo (cinco), o Algarve (quatro) e a Madeira (três), refere a informação semanal da autoridade de Saúde.
A presença do vírus VMPX foi detetada em Portugal em 3 de maio, com a confirmação laboratorial de cinco casos de infeção, e, desde então e até à última quarta-feira, foram identificados 588 casos.
(Notícia atualizada com mais informação às 16h47)