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A primeira vez que o vírus foi identificado em seres humanos foi há 52 anos, em 1970, na República Democrática do Congo

Getty Images

A primeira vez que o vírus foi identificado em seres humanos foi há 52 anos, em 1970, na República Democrática do Congo

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Há 14 casos de infeção com varíola dos macacos em Portugal. O que se sabe até agora?

O que é varíola dos macacos? Tem cura? De onde vem? Oito perguntas e respostas sobre o vírus que já infetou este ano 14 pessoas em Portugal, sete no Reino Unido e outros tantos em Espanha.

Portugal tem 14 casos de infeção pelo vírus Monkeypox, a varíola dos macacos, existindo ainda duas amostras em análise pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge. Este número representa mais nove casos dos que os cinco divulgados na manhã desta quarta-feira pela Direção-Geral da Saúde. Que vírus é este? Há cura? Portugal é caso único? Oito respostas sobre o que se sabe até ao momento.

Portugal confirma cinco casos de infeção com varíola dos macacos

O que é o Monkeypox, o vírus da varíola dos macacos?

De acordo com o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças norte-americano, o CDC, o Monkeypox foi descoberto pela primeira vez em 1958. Chama-se Monkeypox precisamente porque os primeiros dois surtos surgiram em colónias de macacos que eram mantidos em cativeiro para investigação.

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O vírus foi identificado em seres humanos há 52 anos. Em 1970, na República Democrática do Congo, quando se tentava eliminar a varíola, foi identificado o primeiro caso de varíola dos macacos em seres humanos; desde então têm surgido casos na África Central e Ocidental e, em menor escala, na América do Norte, Europa e Ásia.

Há muitos casos no mundo? Os surtos são comuns?

Não. Segundo os dados da Organização Mundial da Saúde, a primeira vez que houve registo de casos fora de África foi em 2003. Os Estados Unidos da América reportaram um surto, com cerca de 50 casos, em seis estados (Illinois, Indiana, Kansas, Missouri, Ohio e Wisconsin) que terá sido provocado pela importação de um carregamento de animais do Gana. Alguns dos animais estavam infetados com a varíola dos macacos e foram colocados perto de um criador de cães em Illinois que, ao vender depois os cães também já infetados propagou a doença aos seres humanos.

Depois de controlado esse surto, só em 2021 voltou a registar-se um caso de varíola dos macacos nos Estados Unidos, num norte-americano que esteve na Nigéria. Apesar de ter feito os voos em dois aviões comerciais, as autoridades de saúde norte-americana vigiaram mais de 200 pessoas durante os 21 dias posteriores ao contacto com a pessoa infetada, mas mais nenhum desenvolveu a doença.

No Reino Unido um caso de varíola dos macacos foi identificado pela primeira vez em 2018 (nesse mesmo ano foi identificado também em Israel): a primeira vez em setembro através de um oficial da marinha da Nigéria, a segunda numa pessoa que tinha estado na Nigéria e a terceira foi um dos funcionários do hospital onde o segundo caso foi tratado.

Em 2019, em Inglaterra, foi identificado um quarto caso de varíola dos macacos no Reino Unido e, só agora em maio deste ano voltou a ser identificado um caso da doença. Nos últimos dias, no entanto, as autoridades britânicas têm vindo a confirmar mais casos da doença, num total de sete.

Caso raro de varíola dos macacos detetado no Reino Unido

Em 2019, em Singapura, também viajantes com origem na Nigéria desenvolveram sintomas e, ao receberem tratamento hospitalar, infetaram também um profissional de saúde.

Agora, além de Portugal e Reino Unido — ambos já com casos confirmados pelas autoridades de saúde — também a Espanha confirmou sete casos da doença, segundo o El País.

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As lesões na pele passam por várias fases até formar uma crosta e cair.

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Há tratamento?

Não. Não há nenhum anti-vírico direcionado ao vírus que causa a doença. Ainda assim, a vacina contra a varíola mostrou ser eficaz em cerca de 85% na prevenção da varíola dos macacos, pelo que poderá ser utilizada, na expectativa de uma reação cruzada.

Para quem já está infetado com o vírus e desenvolveu sintomas, explica João Braz Gonçalves, virologista da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa, há tratamentos sintomáticos, que podem ajudar a cuidar dos sintomas.

Nos Estados Unidos a FDA aprovou a Imvamune ou Imvanex, uma vacina específica para a prevenção da doença, que está a ser estudada para eventualmente ser administrada a pessoas que possam potencialmente ser expostas ao vírus.

Monkeypox: “Baixo risco para a população em geral. É um vírus que não se transmite com grande facilidade entre humanos”

Quem são as pessoas infetadas?

Até ao momento, os cinco casos confirmados em Portugal correspondem a “homens jovens entre os 30 e os 40 anos” e, ao que o Observador apurou, os casos foram identificados em consultas abertas de infeções sexualmente transmissíveis, tendo a primeira sinalização de caso suspeito sido feita a 3 de maio. Há ainda quase mais duas dezenas de casos em investigação, mas desconhece-se o perfil dos casos.

Esta é a primeira vez que se identifica a infeção em Portugal, trata-se de “situações ligeiras e benignas” que as autoridades de saúde “estão a acompanhar”.

Questionada sobre se se trata de um surto, Margarida Tavares, diretora do Programa Nacional para as Infeções Sexualmente Transmissíveis e Infeção por VIH da DGS, diz que se pode “falar em surto sempre que há aumento de casos acima do que é esperado”: “Não esperávamos nenhum casos de infeção por vírus monkeypox, podemos falar em surto”.

Todos os casos em investigação são também de pessoas de Lisboa e Vale do Tejo. As autoridades de saúde estão a estudar eventual ligação aos casos que estão a ser confirmados no Reino Unido e, ainda, a ligação entre os casos confirmados e suspeitos em Portugal.

Como se transmite?

A transmissão do vírus da varíola dos macacos ocorre quando uma pessoa entra em contacto com o vírus de um animal, humano ou materiais contaminados com o vírus. O vírus entra no corpo através de alguma ferida (mesmo que não seja visível e se trate, por exemplo, de um ligeiro corte), da parte respiratória ou das membranas mucosas (olhos, nariz ou boca).

Para ocorrer transmissão do vírus é necessário contacto próximo com os doentes. Ocorre quando há troca de fluidos corporais, saliva ou se toca diretamente nas feridas de quem está doente. A incubação do vírus pode demorar entre 6 a 13 dias (no máximo podem ser 21) e depois duas ou três semanas, sem agravamento clínico, é comum que fique curada.

“Não se transmite de forma fácil, é preciso um contacto muito próximo, prolongado e nomeadamente com gotículas respiratórias e lesões cutâneas, mas também pode acontecer no contacto até com as crostas da ferida que caem”, explica Margarida Tavares, diretora do Programa Nacional para as Infeções Sexualmente Transmissíveis e Infeção por VIH da DGS.

Podemos falar em surto sempre que há aumento de casos acima do que é esperado. Não esperávamos nenhum casos de infeção por vírus monkeypox, podemos falar em surto.
Margarida Tavares, diretora do Programa Nacional para as Infeções Sexualmente Transmissíveis e Infeção por VIH da DGS

Quais são os sintomas?

Por ser da mesma família, naturalmente, os sintomas são semelhantes aos que se verificavam quando a varíola era uma realidade e ainda não tinha sido erradicada (foi considerada oficialmente erradicada pela OMS em 1980). No início os doentes têm febre, dor de cabeça, dores musculares e sentem-se exaustos, mas há uma diferença que permite distinguir a varíola dos macacos da varíola: os gânglios linfáticos ficam inchados.

Há também quem tenha dores nas costas e arrepios. Até três dias depois de começar a ter febre, os doentes começam a ter erupção cutânea que começa na cara. Por ser uma doença cefalocaudal, a erupção cutânea começa na cabeça e progride para o resto do corpo.

De acordo com a OMS cerca de 95% das pessoas infetadas desenvolvem erupção na cara, 75% nas mãos e plantas dos pés, 70% nas mucosas orais, 30% na zona genital e 20% nos olhos. A erupção passa por vários estados até que finalmente cai: máculas (lesões com base plana), para pápulas (lesões firmes levemente elevadas), vesículas (lesões cheias de líquido claro), pústulas (lesões cheias de líquido amarelado) e crostas que secam e caem. O número de lesões pode variar de pessoa para pessoa entre apenas algumas a vários milhares.

É possível tomar medidas preventivas?

A primeira medida, caso haja hipótese de contactar com alguém infetado com o vírus é evitar o contacto com a pessoa, roupas de cama, toalhas de banho ou roupa que esta possa ter utilizado. O mesmo é válido para objetos já que o vírus pode ser transmitido também através do contacto com materiais.

Tal como vem sendo hábito para a Covid-19, o hábito de higienizar as mãos depois de contactar com animais ou alguém infetado é essencial para impedir a infeção e, no caso dos profissionais de saúde, é essencial a utilização de um equipamento de proteção individual (EPI).

Portugal é caso único? Como é que o vírus chegou cá?

Portugal não é, neste momento, o único país na Europa com casos confirmados da varíola dos macacos. O primeiro país a confirmar, há poucos dias foi o Reino Unido, num número que tem vindo a aumentar.

No Reino Unido, entre os dias 6 e 15 de maio foram confirmados sete casos de infeção com o vírus da varíola dos macacos, mas apenas uma das pessoas fez recentemente uma viagem a África Ocidental o que leva as autoridades britânicas a estudar a possibilidade de transmissão entre pessoas no país pela primeira vez.

Ainda não é claro como é que as pessoas foram infetadas, estando as autoridades a trabalhar para tentar perceber se há eventuais ligações entre elas ou não. Um microbiologista da Universidade de Reading sugere que se possa estar já “na casa das dezenas” de casos no Reino Unido, naquilo que pode ser o primeiro surto internacional do Monkeypox, ainda que não consiga perspetivar um impacto “que chegue sequer aos 100 casos no Reino Unido”.

As autoridades de saúde dos vários países estão a trabalhar em conjunto também, no reporte e investigação dos casos, para analisar a transmissão comunitária do vírus e quais as medidas a tomar.

Em Espanha, para além dos sete casos confirmados, há ainda 22 casos em investigação, que à semelhança do que acontece em Portugal foram detetados numa unidade de diagnóstico e tratamento de doenças sexualmente transmissíveis, na capital do país, em Madrid.

(Notícia atualizada às 21h30 de 18 de maio de 2022 com os números mais recentes da varíola dos macacos em Portugal e às 10h14 do dia 19 de maio com os dados mais recentes de Espanha)

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