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Mergulhado numa crise política desde outubro, o Iraque escolhe esta quinta-feira um novo primeiro-ministro, uma decisão que está longe de ser consensual. Centenas de pessoas, apoiantes do influente clérigo xiita Muqtada al-Sadr, invadiram, esta quarta-feira, o parlamento iraquiano em protesto contra a decisão da aliança Plataforma de Coordenação de nomear um novo primeiro-ministro pró-iraniano.

Entraram no parlamento depois de uma marcha na rua contra a corrupção e no edifício entoaram cânticos contra o Irão, segurando bandeiras iraquianas e sentando-se em sofás, provocando uma enorme confusão que as forças de segurança não conseguiram travar. “Os manifestantes entraram no edifício do Parlamento depois de terem ultrapassado a Zona Verde”, indicou a agência noticiosa estatal iraquiana INA, referindo-se à zona fortificada de Bagdade que alberga os principais edifícios governamentais, bem como as embaixadas estrangeiras.

A polícia ainda utilizou canhões de água para repelir os manifestantes que derrubaram os blocos de cimento, mas muitos deles conseguiram passar os portões e entrar no Parlamento.

Os protestos são contra a recente nomeação de Mohamed al-Sudani para as funções de primeiro-ministro, uma proposta apresentada pela Plataforma de Coordenação, uma coligação liderada pelos xiitas apoiados pelo Irão. O primeiro-ministro de transição Mustafa al-Kadhimi, apelou, entretanto, à calma e à ponderação, pedindo aos manifestantes para abandonarem a área.

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Os manifestantes são, na sua maioria, apoiantes de al-Sadr, que recentemente abandonou o processo político iraquiano apesar de ter conquistado a maioria dos assentos parlamentares nas eleições federais de outubro de 2021. Al-Sudani foi escolhido pelo líder da coligação Estado da Lei e ex-primeiro-ministro Nouri al-Maliki. Antes de al-Sudani poder ser nomeado oficialmente pelo Parlamento, os partidos devem eleger um presidente.

No Twitter, al-Sadr disse aos manifestantes no prédio do Parlamento que sua “mensagem” havia sido recebida e que eles deveriam voltar para casa. “Uma revolução de reforma e rejeição da injustiça e da corrupção. Sua mensagem foi recebida. Você aterrorizou os corruptos. Reze e volte para casa em segurança.”

Segundo a CNN Internacional, o governo cessante do primeiro-ministro Mustafa al-Kadhimi também emitiu uma declaração pedindo aos manifestantes sadistas que “se retirem imediatamente da Zona Verde”, preservassem propriedades públicas e privadas e seguissem as instruções das forças de segurança. “As forças de segurança estarão comprometidas em proteger as instituições estatais e as missões internacionais e evitar qualquer perturbação de segurança e ordem”, acrescentou al-Kadhimi.