O presidente da Câmara de Lisboa quer a todo o custo evitar que autarquia tome uma posição sobre o aeroporto, o que podia ter acontecido na quarta-feira. Com a discussão e votação da proposta do PCP na reunião de câmara, onde Moedas não tem a maioria de vereadores, podia ter-se formado de alguma forma um acordo que condicionasse a posição da autarquia. Segundo o autarca, a única posição que a câmara de Lisboa neste momento deve ter é a de pressionar “para que haja um novo aeroporto o mais rapidamente possível” e chama a si o papel de mediador do “problema” entre o “Governo e o maior partido da oposição” que, por coincidência, é o seu PSD.
“A posição que temos de ter é que precisamos rapidamente de um novo aeroporto. É necessário criar um equilíbrio para ajudar entre o Governo e o principal partido da oposição”, disse, em entrevista ao Público, Carlos Moedas onde frisou que “ter uma reunião que define uma posição fixa não era bom”.
Ainda assim, Carlos Moedas revela que votaria “contra aquela proposta” por considerar que “tira graus de liberdade” à autarquia na posição que poderá ter sobre o novo aeroporto.
Na quinta-feira, Luís Montenegro esteve ao lado de Moedas em Lisboa, mas manteve o tabu em relação à posição do PSD sobre a solução para o aeroporto ao atirar para as “audições” que os sociais-democratas ainda estão a fazer antes de fechar uma posição.
Depois de ouvir Luís Montenegro questionar a capacidade política de Pedro Nuno Santos, Carlos Moedas consegue, ainda assim, afastar-se da “política partidária” e afirmar que “a relação institucional” com o ministro das Infraestruturas tem sido “muito boa”.
“Os dois queremos fazer acontecer, somos fazedores. Conseguimos fazer coisas, revejo-me na maneira como estamos a olhar para as políticas públicas e como podemos pôr a política partidária de lado e fazermos política pública para as pessoas, é isso que as pessoas hoje estão à procura”, afirmou o presidente da Câmara na entrevista.
Moedas rejeita qualquer acusação de discriminação: “Totalmente descabido estar a acusar o presidente da Câmara nesse sentido”
A reunião de câmara da última quarta-feira ficou também marcada por alguns momentos de maior tensão entre a vereadora do Bloco de Esquerda, Beatriz Gomes Dias, e quem foi conduzindo os trabalhos — primeiro Carlos Moedas, depois Filipa Roseta — com a vereadora bloquista a apontar mesmo o dedo de “discriminação”.
Com o exemplo das sucessivas interrupções de que foi alvo — “desde a falta de inscrição, a atropelos”, a bloquista falou mesmo em “atitudes de discriminação”. “Quando falamos de discriminação também são estas atitudes, a forma como as pessoas não brancas são tratadas no contexto onde trabalham”, queixou-se a vereadora, lembrando ainda que o Bloco tem “muitas propostas por agendar, sem qualquer intenção de agendamento”.
O Bloco de Esquerda tem-se queixado sucessivamente da falta de agendamento das propostas, acusando o executivo de violar inclusivamente os prazos regimentais previstos, uma queixa que também o PCP colocou em evidência nos momentos finais da reunião.