Foi durante quinta-feira, 4 de agosto, que Pequim iniciou em Taiwan, ao meio dia (hora local, madrugada em Lisboa) a maior operação de exercícios militares neste país, com duração prevista de três dias, até 7 de agosto. domingo.

Utilizando fogo real, já foram disparados vários mísseis balísticos para as imediações de Taiwan. A preparar-se para guerra, “sem procurar guerra”, Taipei reage com “uma atitude de não escalar conflitos e causar disputas”, mas com esforços “para salvaguardar conjuntamente a segurança nacional e a integridade territorial”, disse em comunicado o Ministério da Defesa de Taiwan, citado pela Sky News.

Taiwan acusa a China de levar a cabo “ações irracionais que comprometem a paz regional”, “aumentando as tensões regionais e afetando o tráfego e o comércio internacional regular”, acusando ainda Pequim de “seguir o exemplo da Coreia do Norte ao testar propositadamente mísseis em águas próximas a outros países e exige que a China exerça autocontrole.”

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Taipei detalha que que foram disparados “múltiplos mísseis balísticos Dongfeng nas águas circundantes do nordeste e sudoeste de Taiwan às 13h56 [06h56 em Lisboa]” — não avança, no entanto, os locais exatos em que estes mísseis terão caído.

Imagens do canal chinês CCTV mostram o lançamento de mísseis em Taiwan.

Taipei vai manter “contacto próximo com aliados regionais”, apela à comunidade internacional — “a fim de salvaguardar conjuntamente os valores de liberdade e democracia, e avança que está já a realizar exercícios de defesa civil” — tendo ainda emitido avisos para a criação de abrigos antiaéreos em toda a ilha.

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O lançamento destes mísseis também foi confirmado por Pequim: o ministério da Defesa chinês avançou que já foram lançados 11 mísseis em águas próximas de Taiwan, com momentos captados em vídeo e divulgados pelos militares e comunicação social chineses. O governo de Pequim explicou tratar-se de “um exercício com mísseis convencionais multirregionais e de vários modelos em águas predeterminadas da parte leste da ilha de Taiwan”, que terão atingido os alvos com precisão. De acordo com a agência Reuters, cinco mísseis disparados pela China no decorrer destes exercícios atingiram a zona económica exclusiva do Japão, que já apresentou um protesto por vias diplomáticas contra Pequim. A notícia foi avançada pelo ministro da Defesa japonês, Nobuo Kishi, que acrescentou que, a confirmar-se, este terá sido o primeiro incidente do género.

Em declarações à Reuters, um responsável político de Taiwan, que preferiu manter o anonimato, avançou que também dez navios da marinha chinesa cruzaram brevemente a linha que delimita o espaço marítimo da ilha antes de serem afastados por barcos da marinha de Taiwan. O mesmo responsável detalhou que vários aviões da força aérea chinesa foram vistos a cruzar a mesma linha do espaço aéreo, o que terá forçado Taiwan a ativar aviões e sistemas de mísseis para rastrear os seus movimentos.

Nancy Pelosi volta a provocar China. Pequim “não pode impedir líderes mundiais de viajarem a Taiwan”

A realização dos exercícios militares chineses em Taiwan foi anunciada pela CCTV, televisão estatal chinesa, durante a madrugada. A operação é resultado da visita de Nancy Pelosi, líder do congresso dos Estados Unidos, na quarta-feira, 2 de agosto, a Taiwan ilha pela qual Pequim reclama soberania.

A passagem de Pelosi foi interpretada pela China como uma provocação grave. Após a visita, a líder do congresso americano emitiu um comunicado em que dizia que  Pequim “não pode impedir líderes mundiais de viajarem a Taiwan” e de homenagear uma “democracia fluorescente”.