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Cinco para o caminho e um Taremi ao volante (a crónica do FC Porto-Marítimo)

Este artigo tem mais de 2 anos

No dia em que começou a defesa do título, o FC Porto goleou o Marítimo no Dragão e já leva 5 para o caminho (5-1). Taremi voltou a ser o melhor dos dragões, entre dois golos e uma exibição imaculada.

FC Porto v CS Maritimo - Liga Portugal Bwin
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O avançado iraniano marcou dois dos cinco golos dos dragões na jornada inaugural da Liga

DeFodi Images via Getty Images

O avançado iraniano marcou dois dos cinco golos dos dragões na jornada inaugural da Liga

DeFodi Images via Getty Images

O FC Porto começava a temporada da melhor maneira possível: enquanto campeão nacional, com a fase de grupos da Liga dos Campeões assegurada e com a manutenção de um treinador que é bem mais do que isso. Contudo, o FC Porto também começava a temporada da maneira mais exigente possível: enquanto campeão nacional que quer voltar a sê-lo, com uma Liga de Campeões onde terá de melhorar o registo da época passada e com um treinador que perdeu peças-chave da equipa.

Durante o verão, de forma até algo inesperada, o FC Porto viu Fábio Vieira, Vitinha e Francisco Conceição saírem para Arsenal, PSG e Ajax, respetivamente. Se é verdade que só o segundo era um titular indiscutível para Sérgio Conceição, também é verdade que os outros dois eram duas das soluções que mais vezes saltavam do banco. Mais do que isso — os outros dois, a par de Vitinha, respiravam e emanavam um ADN FC Porto que ficou inevitavelmente mais fraco. No sentido oposto, os dragões foram ao mercado e contrataram o central David Carmo, até porque Mbemba também deixou o Dragão, e os médios Gabriel Veron e André Franco.

Ficha de jogo

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FC Porto-Marítimo, 5-1

1.ª jornada da Primeira Liga

Estádio do Dragão, no Porto

Árbitro: Hélder Malheiro (AF Lisboa)

FC Porto: Diogo Costa, João Mário, Pepe, Marcano, Zaidu, Pepê (Gonçalo Borges, 79′), Uribe (Stephen Eustáquio, 68′), Grujic, Danny Loader (Galeno, 68′), Taremi (Gabriel Veron, 79′), Evanilson (Toni Martínez, 68′)

Suplentes não utilizados: Cláudio Ramos, Fábio Cardoso, Wendell, Bruno Costa

Treinador: Sérgio Conceição

Marítimo: Miguel Silva, Matheus Costa, Zainadine, Leo Andrade, Cláudio Winck, Diogo Mendes (Edgar Costa, 73′), Beltrame (André Teles, 73′), Miguel Sousa (Pablo Moreno, 81′), Bruno Xadas (Lucho Vega, 63′), André Vidigal, Joel Tagueu (Chuchu Ramírez, 81′)

Suplentes não utilizados: Trmal, Mosquera, Clésio, China

Treinador: Vasco Seabra

Golos: Taremi (12′ e 42′), Evanilson (40′), Marcano (68′), Toni Martínez (76′), Cláudio Winck (88′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Joel Tagueu (28′), a Uribe (28′), a Marcano (35′), a André Teles (79′), a Galeno (87′)

Este sábado, em casa, o FC Porto estreava-se na Primeira Liga contra o Marítimo, uma equipa que terminou a meio da tabela na época passada e que até impôs um empate aos dragões há cerca de um ano, na Madeira. “Claro que há favoritos no nosso Campeonato, são os históricos ‘três grandes’ e eu incluo ainda o Sp. Braga. Não temos nenhuma vantagem por termos ganho três Campeonatos em cinco, isso já faz parte do passado. Acho importante olhar para a maratona de 34 jornadas e toda a gente que mencionei está em pé de igualdade connosco. Tudo irá depender do que fizermos nestas mesmas jornadas. Não será o peso da nossa camisola a decidir alguma coisa, será sempre o que fizermos em campo”, disse Sérgio Conceição na antevisão da partida, sendo que o FC Porto jogava já depois de o Benfica ter goleado o Arouca no primeiro encontro do Campeonato.

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Ora, assim, os dragões praticamente repetiam o onze do primeiro jogo oficial da época, há uma semana, quando derrotaram o Tondela e conquistaram a Supertaça Cândido de Oliveira: com Otávio e David Carmo castigados, o jovem Danny Loader mantinha-se no onze, em detrimento de Galeno, e tanto Grujic como Evanilson recuperaram dos problemas físicos que tiveram nos últimos dias para não perder a titularidade. Na baliza, depois de ter cumprido castigo contra o Tondela, Diogo Costa voltava às opções — numa semana em que Marchesín saiu a título definitivo para o Celta Vigo. Do outro lado, Vasco Seabra lançava Joel Tagueu como referência ofensiva e Xadas, Miguel Sousa e André Vidigal no apoio ao avançado.

No Dragão, os 10 minutos iniciais mostraram um Marítimo com vontade de causar uma surpresa. Xadas teve a primeira oportunidade do jogo, com um pontapé de muito longe de raspou na trave de Diogo Costa (3′), e Tagueu quase abriu o marcador ao aproveitar um atraso mal medido de Marcano, sendo apenas travado pela atenção do guarda-redes dos dragões (9′). A primeira verdadeira aproximação do FC Porto à baliza madeirense foi através de um remate inconsequente de Danny Loader (11′) e a equipa de Vasco Seabra parecia reagir da melhor forma à exigência de defrontar o campeão nacional, apresentando um critério elevado na saída rápida e um futebol apoiado que ia causando alguns problemas ao conjunto de Sérgio Conceição.

Contudo, ainda dentro do quarto de hora inicial, a diferença incontestável de qualidade acabou por levar a melhor. Zaidu pressionou Winck ainda no meio-campo do Marítimo, a bola sobrou para Evanilson e o brasileiro abriu em Taremi na direita, com o iraniano a atirar rasteiro para abrir o marcador à saída de Miguel Silva (12′). Os madeirenses procuraram reagir de imediato, com um remate cruzado de Beltrame que passou muito perto da baliza (14′), mas o FC Porto aproveitou o embalo do golo para assumir algum ascendente na partida — chegando mesmo a marcar novamente, ainda que o golo tenha sido anulado pelo VAR por fora de jogo de Evanilson (22′).

A partir da meia-hora, a partida entrou numa fase mais anárquica, com o FC Porto a ter o controlo da partida mas os jogadores a envolverem-se em diversos duelos, provocando cartões amarelos, uma expulsão no banco de suplentes dos dragões e várias e repetidas interrupções. O Marítimo poderia ter empatado neste período, com Tagueu a cabecear para defesa de Diogo Costa após um grande cruzamento de Xadas na direita (33′), mas a pressão praticamente asfixiante da equipa de Sérgio Conceição acabou novamente por dar frutos. Uribe, na faixa central, abriu na direita à procura de João Mário e o lateral, com um passe atrasado, assistiu Evanilson na perfeição, já que o avançado brasileiro só precisou de atirar em força para aumentar a vantagem (40′). 

Ainda antes do intervalo, com o Marítimo claramente a descarrilar e já sem grande discernimento, Taremi ainda teve tempo para bisar numa recarga a uma defesa de Miguel Silva a remate de Danny Loader (42′), sendo que Pepê tinha roubado a bola a Beltrame no início do lance. O FC Porto ia para o intervalo a vencer de forma clara e a beneficiar essencialmente de uma estratégia de pressão alta e eficaz onde Zaidu e João Mário, nos corredores, aproveitavam as descidas de Uribe para junto dos centrais para pressionar os laterais adversários e criar jogadas de perigo.

[Carregue nas imagens para ver alguns dos melhores momentos do FC Porto-Marítimo:]

Nenhum dos treinadores fez alterações ao intervalo e a lógica parecia manter-se: logo nos minutos iniciais, o Marítimo voltou a ceder à pressão alta do FC Porto e Evanilson quase aproveitou, atirando ao lado em posição privilegiada (47′). O jogo foi prosseguindo de forma natural, com os madeirenses sem grande capacidade para ameaçar a baliza de Diogo Costa e os dragões a gerirem a confortável vantagem com bola, criando perigo essencialmente através da tal redução de espaços e da mobilidade de Taremi e Evanilson na frente.

Taremi ficou perto do hat-trick (54′), Loader atirou por cima de fora de área (57′) e Evanilson chegou atrasado a um passe crucial do iraniano (61′): o FC Porto ia impondo o ritmo da partida, um ritmo progressivamente mais lento e controlado, e Vasco Seabra tentou contrariar esse fator com a entrada de Lucho Vega para o lugar do fatigado Xadas. Sérgio Conceição respondeu com uma tripla alteração, com Eustáquio, Toni Martínez e Galeno a renderem Uribe, Evanilson e Loader, Miguel Sousa ficou muito perto de reduzir a desvantagem com um pontapé ao lado (66′) mas a eficácia voltou a reinar no Dragão.

Na sequência de um lançamento, a bola sobrou para Galeno, o avançado atirou contra um adversário e Marcano aproveitou o ressalto para cabecear na grande área e carimbar a goleada (68′). Menos de 10 minutos depois, João Mário cruzou na direita e Toni Martínez, com um belo movimento de desmarcação entre os centrais, cabeceou certeiro para também inscrever o próprio nome na ficha de jogo (76′). Até ao fim, Sérgio Conceição ainda teve tempo para dar minutos a Gonçalo Borges e Gabriel Veron, sendo que este último fez a estreia pelos dragões na Primeira Liga, e Winck reduziu para os madeirenses na sequência de alguns ressaltos na área de Diogo Costa (88′).

O FC Porto respondeu à goleada do Benfica frente ao Arouca e começou a defesa do título da melhor maneira, goleando também o Marítimo no Dragão. Num ano em que os dragões serão naturalmente os “alvos a abater”, tal como o próprio Sérgio Conceição já referiu, os campeões nacionais levam cinco golos para o caminho e um Taremi ao volante — com o avançado iraniano a ser novamente decisivo, com mais dois golos e uma exibição em que mostrou que é o motor de todo o setor ofensivo.

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