Depois da difícil vitória frente ao Vizela, o clássico era a oportunidade da equipa e dos jogadores mostrarem a Sérgio Conceição que sabiam correr bem e que as críticas à exibição da última jornada tinham surtido efeito. Numa semana marcada pela instabilidade no Sporting e pela “luta da maior azia” com Rúben Amorim que começou pela saída de Matheus Nunes, o técnico azul e branco, no lançamento do clássico, quis retirar pressão e desvalorizou o peso do partida numa fase tão inicial. “Os jogos entre os candidatos têm esse peso de serem três pontos que uns ganham e outros não, mas nesta altura da época não vai decidir nada. É só um jogo de quatro pontos e meio, no fundo”. Mas com esta vitória foram “quatro pontos e meio” que se transformaram em cinco de vantagem para o Sporting, ao fim de apenas três jornadas.

Sérgio ganhou no jogo 300 na Liga mas acabou sobretudo a deixar reparos: “Se estamos de barriga meio cheia fica difícil…”

Num jogo em que fez duas alterações em relação à equipa que tinha entrado em Vizela (Bruno Costa pela lesão de Grujic, Otávio por opção em troca com Danny Loader), Sérgio Conceição foi elogiado pela equipa pelo trabalho “cirúrgico” que desenvolveu ao longo da semana. E assumiu isso mesmo: a estratégia usada para derrotar o Sporting foi pensada e repensada para que os erros do último jogo não se voltassem a repetir. E mais tempo houvesse, mais tinha treinado: “Mudámos algumas coisas, a nível estratégico houve coisas a mudar que tiveram a ver com as bolas paradas. Tínhamos lances ensaiados. Era uma semana curta para tudo o que tínhamos para trabalhar. Damos muita importância aos pormenores”, admitiu na flash interview da SportTV no final da partida.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

E o trabalho, que teve mais um treino esta manhã (algo que não é comum), resultou: o FC Porto conseguiu inverter a tendência crescente com que o Sporting começou o jogo e garantiu uma vitória segura. Mesmo nas alturas em que os leões pareciam ganhar mais ascendente na posse, Conceição garante que estava tudo estudado: “O jogo estava estrategicamente planeado. Com bola tentámos aproveitar algumas das fragilidades do Sporting, conseguimos ser pressionantes sem nos faltar clarividência para perceber quando pressionar o adversário. Durante a primeira parte não deixámos sair o Sporting com perigo, é uma equipa com qualidade e bem treinada. Na segunda parte, estrategicamente, demos algum terreno ao Sporting na primeira fase de construção e nos momentos importantes do jogo marcámos”.

No final do jogo, Sérgio Conceição não esqueceu também a palavra da semana: “azia”. Na conferênciasde antevisão, Conceição tinha dito que Rúben Amorim tinha de lidar agora com a “azia” de perder Matheus Nunes e o técnico do Sporting respondeu dizendo que, mesmo ganhando títulos, Sérgio Conceição “está sempre muito mais aziado” que os restantes por uma questão de personalidade. Agora, o treinador do FC Porto não quis deixar dúvidas: o “troféu” é dele. “O campeonato é uma maratona. Não é o campeonato da azia, porque aí não era preciso jogar porque eu ganhava a taça. E fico contente por o Taremi ter ficado fora dos penáltis… Solidariedade para com ele, pelo que tem sido visto… Um abraço pelo esforço que fez, dando sempre o máximo pela equipa, depois de no lance do Evanilson ter ficado queixoso e ter sempre querido continuar”, elogiando o esforço do avançado antes de voltar à “azia” na conferência.

“Já vi em muitos títulos que ando aziado, desta vez cabe ao Rúben…”: Sérgio Conceição fala de Matheus Nunes e do que muda no Sporting

Deixada a farpa que tinha ficado da véspera, houve espaço para elogios ao homólogo e à sua equipa, com Sérgio Conceição a destacar por mais do que uma vez as qualidades do treinador leonino: “Forçámos mais na segunda pelos amarelos mas não somos matreiros, jogamos limpo. A verdade é que na segunda parte o Ugarte faz falta sobre o Pepê e ele não cai porque se caísse era o segundo amarelo para o Ugarte. Isto diz da seriedade dos meus jogadores, quiseram ganhar no campo. O jogo foi de nível Champions, com duas excelentes equipas e muito bem treinadas. O futebol fica a ganhar hoje”.

No final, e com contas feitas, o Sporting está agora a cinco pontos do FC Porto. Para Sérgio Conceição não há motivos para olhar para estes dados e relaxar: “Não há conforto nenhum, conheço os rivais. A semana passada ganhámos ao Vizela, num resultado que não foi justo para o que não fizemos e para o que o Vizela fez. Hoje é justo. Mas conheço o Rúben e o Sporting, isto é uma maratona. Temos que ter essa humildade de espírito, falta muito Campeonato”.