Sérgio Conceição não ficou propriamente satisfeito com a exibição do FC Porto em Vizela. Os três pontos vieram para o Dragão em cima do minuto 90 com um golo de Marcano. mas ao longo do jogo foram várias as correções feitas pelo técnico a uma equipa muitas vezes descaracterizada do seu habitual modelo e que não teve a mesma fluência ofensiva do jogo inaugural frente ao Marítimo. Faltou em muitos momentos a largura, o jogo interior, os espaços entrelinhas, as situações de finalização. “Os jogadores correram, eles correram, mas às vezes correram mal”, resumiu entre outros reparos. Agora, seguia-se o clássico.

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Depois de uma temporada onde conseguiu apagar o registo negativo com o Sporting de Rúben Amorim, entre dois empates para o Campeonato e duas vitórias nas meias-finais da Taça de Portugal, o FC Porto vai jogar em casa a possibilidade de reforçar a liderança na Primeira Liga e passar a ter cinco pontos de avanço em relação ao Sporting com apenas três jornadas disputadas. No entanto, e quase de forma inevitável, o principal tema de conversa acabou por ser a saída de Matheus Nunes para o Wolverhampton, com Sérgio Conceição a fazer um paralelismo com Rúben Amorim sobre a perda de um jogador importante.

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“Já vi em muitos títulos que ando aziado, desta vez cabe ao Rúben [Amorim] um bocadinho isso… Mas de certeza que não preparou a equipa com essa azia, preparou-a o melhor possível estrategicamente para nos surpreender. O Matheus Nunes era um jogador importante na dinâmica do Sporting. Não estará ele, estará outro. Ficamos mais pobres quando grandes jogadores saem mas é o normal no Campeonato”, começou por referir, antes de acordar também o que pode ou não mudar na forma de jogar dos leões.

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“Conhecemos o modelo de jogo do Sporting mas depois é preciso trabalhar e estar atento ao que eles fazem bem. Torna-se mais imprevisível dependendo das características dos jogadores em determinados sectores e na posição. Não tendo o Matheus Nunes agora, podemos ter o Morita, o Pedro Gonçalves, o Mateus Fernandes que é um jovem com muita qualidade. Na frente por jogar o [Marcus] Edwards, pode jogar o Nuno Santos aí ou mais atrás… Temos de nos preparar para isso. É dentro das diferentes características que pode dar diferentes nuances ao jogo. Penso que em termos daquilo que é o modelo de jogo do Sporting não vai mudar, é o jogo que dita isso. Estamos focados nas tarefas de cada um de nós e temos de olhar para a nossa equipa, para em função do que nós somos, impormos o nosso jogo”, acrescentou sobre o médio.

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Sobre o primeiro clássico da temporada, Sérgio Conceição relativizou a sua importância por ser apenas na terceira jornada e recuperou ainda o que falhou em Vizela para defender aquilo que é o ADN do FC Porto. “Os jogos são sempre importantes, não sabemos depois quais são os mais importantes… Os jogos entre os candidatos têm esse peso de serem três pontos que uns ganham e outros não mas nesta altura da época não vai decidir nada, é só um jogo de quatro pontos e meio, no fundo”, salientou sobre esta partida.

“O meu alerta é diário. Em Vizela houve o mérito de um adversário que nos conseguiu colocar dificuldades mas também um demérito nosso perante aquilo que devíamos ter feito e não fizemos. Os verdadeiros campeões são os jogadores e as equipas que conseguem, através daquilo que se vai ganhando e produzindo, estar ainda mais motivados para o próximo desafio. O nosso próximo desafio é o treino amanhã de manhã e o jogo à noite. Andamos sempre à procura da perfeição, na nossa forma de jogar e de estar. Esse estado de espírito também é importante para colocarmos em campo tudo o que trabalhamos que deu êxito no passado e tem de continuar a dar no futuro”, comentou sobre as dificuldades sentidas no último jogo.

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A terminar, o técnico dos azuis e brancos abordou também o cartão amarelo visto em Vizela, o terceiro noutros tantos encontros oficiais na presente temporada. “Nem pensei que o amarelo fosse para mim… Ele [o árbitro] tem razão, porque estou quase na linha lateral, mas podia chegar lá e dizer-me ‘Olhe, amigo, vá para a sua área técnica’ e eu ia. Não percebi que era para mim. Sinceramente foi isto, foi por estar a falar como Pepe, avancei alguns metros, em alguns campos a área técnica é mais pequena. Há a intenção de acalmar os bancos, mas em que sentido? Se o quarto árbitro falar, eu vou para a casota. Se quiserem que esteja amarrado, isso é que não. Se não, dá-me um ataque. O público vibra, os jogadores dentro do campo jogam numa intensidade máxima, todos vivemos o jogo. Tem de haver regras, se não há faltas de respeito ou insultos, mas se apenas se está a viver o jogo, é um exagero”, concluiu.