Este sábado, numa espécie de antevisão de “House of the Dragon”, a muito aguardada prequela de “Game of Thrones”, o britânico Guardian publicou um artigo sobre os locais em que a série foi filmada e o boom de turistas a que cada um deles deverá assistir a curto prazo.

Foi nesse contexto e a propósito da aldeia histórica de Monsanto, que entre outubro e novembro do ano passado serviu de cenário à série que estreou esta segunda-feira em todo o mundo, que António Lacerda, “o diretor-geral para a promoção turística na região vizinha do Alentejo”, foi entrevistado para o jornal.

“É uma tragédia”, lamentou a propósito dos fogos florestais que recentemente devastaram milhares de hectares no parque natural da Serra da Estrela, que o Guardian colocou erradamente na mesma zona que a aldeia de Monsanto, também na região Centro, mas no município de Idanha-a-Nova, a cerca de uma hora e meia de viagem de carro de Manteigas. “Alguns locais não poderão receber visitantes até ao próximo ano”, acrescentou António Lacerda, para depois assinalar que, “além de Monsanto”, existem em Portugal outras “aldeias intemporais no topo de colinas … como Marvão e Monsaraz”.

Estas referências aos incêndios — que não afetaram a zona onde foi filmada a série —, e a sugestão por parte do Diretor Executivo da Agência Regional de Promoção Turística do Alentejo de outros locais turísticos — justamente na região por cuja divulgação é responsável —, foram repudiadas esta segunda-feira pela Centro de Portugal Film Commission (CPFC), uma organização que visa atrair produções de cinema e audiovisuais para a região Centro do país.

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“É de lamentar estas declarações, que contrariam um princípio fundamental, que é o da solidariedade”, apontou a CPFC em comunicado enviado às redações portuguesas — e para a redação do britânico Guardian, juntamente com uma lista de “contactos dos interlocutores do Centro de Portugal”.

“Existem responsáveis na região Centro de Portugal, suficientemente capazes para esclarecer cabalmente, e sem lapsos, toda e qualquer questão referente aos assuntos da região Centro (…) sem que haja necessidade de recorrer a interlocutores de outras regiões”, lembra a organização, enumerando uma série de entidades, desde a Câmara Municipal de Idanha-a-Nova à própria Centro de Portugal Film Commission, passando pela Comunidade Intermunicipal da Beira Baixa, a Turismo Centro de Portugal, a Agência Regional de Promoção Turística do Centro de Portugal e a Associação das Aldeias Históricas de Portugal.

“O concelho de Idanha-a-Nova, e a Aldeia Histórica de Monsanto, não foram afetadas, felizmente, com os incêndios dos últimos dias na região da Serra da Estrela”, reforça ainda o comunicado, onde a CPFC lamenta ainda a “imagem negativa que inevitavelmente resulta deste artigo”.

O Guardian emendou entretanto o texto, mas não retirou as declarações de António Lacerda. Juntou, sim, uma correção no final: “Este artigo foi alterado a 20 de Agosto de 2022 para eliminar uma declaração incorreta de que a aldeia de Monsanto em Portugal tinha sido danificada por incêndios florestais. Para esclarecer, a região mais vasta sofreu incêndios este ano, mas Monsanto não foi afetada”.