O Departamento de Justiça dos Estados Unidos da América mostrou, esta quarta-feira, a “prova mais contundente” no caso judicial que está a construir contra Donald Trump e que prova que o ex-presidente terá ocultado documentos oficiais do estado, removendo-os da Casa Branca.

Segundo o El País, num documento entregue em tribunal e dirigido à equipa legal de Trump, os investigadores relatam conclusões da busca efetuada pelo FBI a 8 de agosto na sua casa de Mar-a-Lago, em Palm Beach, no estado norte-americano da Florida, que decorreram depois de se provar que a equipa do ex-presidente teria lá escondido centenas de documentos confidenciais.

Os colaboradores de Trump, afirma o documento, moveram e ocultaram papéis, três dos quais encontrados na sua casa após a equipa jurídica do antigo presidente dos EUA garantir já não se encontrava na residência qualquer documento oficial.

As visitas a Mar-a-Lago

Numa primeira visita a Mar-a-Lago, em maio deste ano, e depois de muita insistência e uma citação judicial, o FBI conseguiu revistar 15 caixas recuperadas da casa de Trump, onde foram encontradas 700 páginas preenchidas com 184 documentos classificados, 67 deles confidenciais, 92 secretos e 25 ultra secretos.

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A 3 de junho, três agentes da polícia federal acompanhados por um fiscal dirigiram-se à mesma casa para receber uma pasta com mais documentos oficiais que teriam, supostamente, sido recém descobertos e que não faziam parte das 700 páginas iniciais. Segundo os agentes no local, os advogados de Trump “proibiram de forma explícita” que abrissem outras caixas que se encontravam na adega da habitação, onde foram recebidos, garantindo ainda que não existiam mais documentos oficiais nas outras divisões da residência.

A equipa de Trump entregou também uma carta do ex-presidente onde afirmava que haviam feito uma “procura diligente” para apurar que não retinha na sua posse qualquer documento oficial adicional. Nessa mesma visita, o FBI recebeu uma pasta com mais 38 documentos, 16 deles secretos e 17 marcados como top secret.

Foi essa visita que levou o FBI a acreditar que a equipa de Trump não teria devolvido tudo o que era reclamado pelos Arquivos Nacionais. As mediáticas buscas feitas pela polícia federal norte-americana a de 8 de agosto vieram comprovar essa suspeita, quando se encontraram mais 33 caixas com provas e caixotes que guardavam mais de uma centena de documentos classificados, mais do dobro dos que teriam sido resgatados em junho.

Esta quarta-feira, a polícia federal divulgou uma imagem que mostra dezenas desses novos documentos espalhados em cima de um tapete. Só na tal adega, onde a equipa de Trump havia travado o FBI de inspecionar, estavam escondidos 76 documentos classificados.

Os argumentos da equipa do ex-presidente sobre a necessidade de existir uma figura moderadora independente que analise o material recolhido — algo que têm vindo a defender — vão ser apresentados à juíza distrital, Aileen Cannon, esta quinta-feira. Sobre isto, Washington considera não haver qualquer necessidade, uma vez que os documentos não pertenciam ao ex-presidente.