Uma exposição que celebra 62 anos da fundação de Brasília, com 300 obras sobre as ideias e personagens históricas envolvidos na capital brasileira, vai ser inaugurada no dia 15 de setembro no Museu dos Coches, em Lisboa, anunciou a organização.
Inserida nas comemorações oficiais do Bicentenário da Independência do Brasil, a exposição já passou por Paris, Berlim, Londres, Roma, entre 12 cidades, e intitula-se “Brasília — Da Utopia à Capital”.
A mostra, que ficará até no Museu Nacional dos Coches até 30 de outubro, com entrada livre, celebra os 62 anos da capital brasileira relatando o percurso histórico que levou à criação de uma cidade que espelha o pensamento modernista brasileiro.
Cerca de 300 obras de arte e documentos, entre eles maquetes de edifícios icónicos projetados pelo arquiteto Oscar Niemeyer, foram reunidos nesta exposição sobre uma cidade concebida como “obra de arte completa”, e referência da nova fase de interiorização do poder público do país, anteriormente concentrado no litoral.
A mostra é o resultado de um extenso trabalho de investigação da curadora Danielle Athayde na Fundação Ortega y Gasset, em Madrid, na Espanha, e inclui ainda desenhos e maquete fotográfica do plano urbanístico de Lucio Costa, esculturas de Maria Martins, de Bruno Giorgi e de Alfredo Ceschiatti, e fotografias de Marcel Gautherot, Peter Scheier, Jean Manzon e Mário Fontenelle.
As obras são provenientes de coleções brasileiras, públicas e privadas, entre as quais o Instituto Moreira Salles, o Arquivo Público do Distrito Federal e a Coleção Brasília – acervo Izolete e Domício Pereira.
A transferência da capital do Brasil do litoral atlântico para o centro-oeste do seu território, no início da década de 1960, “despertou um sentimento de euforia desenvolvimentista na população brasileira”, recorda a organização num comunicado sobre o contexto histórico da fundação da cidade.
Pessoas comuns, movidas pelo desejo de fazer parte do sonho de construção de uma nova cidade, sede do governo, deslocaram-se do conforto das suas famílias e das suas cidades de origem, em especial do nordeste brasileiro, em direção ao centro-oeste”, descreve.
O local “transformou-se num canteiro de obras de proporções épicas, cujos núcleos de acomodações precárias, sendo um deles a Cidade Livre, que chegou a abrigar mais de 30 mil trabalhadores durante a construção, que durou três anos e 10 meses”, relembra ainda.
A exposição evoca o esforço da construção de Brasília, compartilhado por funcionários públicos, arquitetos, artistas e ‘candangos’ — “trabalhadores de várias áreas de conhecimento pertencentes geralmente às camadas populares” –, através de documentos históricos, como o projeto Plano Piloto, proposto por Lucio Costa.
A catedral, os projetos paisagísticos, os espaços públicos, como o Parque da Cidade, o Palácio do Itamaraty, são alguns dos projetos que poderão ser conhecidos em pormenor nesta mostra.
“Brasília — Da utopia à Capital” é uma realização da Artetude Produções com participação especial da Coleção Brasília, apoio do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, e apoio Institucional da Casa da América Latina, da União das Cidades capitais de Língua Portuguesa e Embaixada do Brasil em Lisboa.