A extração ilegal de ouro no Brasil tem aumentado acentuadamente nos últimos anos, especialmente na Amazónia e associada ao desflorestamento, de acordo com um estudo.
“A extração ilegal de ouro subiu 44% em 2021 em relação a 2020”, concluiu o estudo, publicado pela Universidade de Minas Gerais (UFMG) na terça-feira.
O Brasil, o 14º maior produtor mundial de ouro, viu a sua produção total aumentar 37% entre 2019 a 2021, enquanto o preço deste metal subiu a nível mundial devido à crise causada pela pandemia de Covid-19.
Das 158 toneladas de ouro produzidas no país de janeiro a junho de 2022, pelo menos 7% eram de origem ilegal e 23% “potencialmente ilegais”, segundo o estudo.
“O aumento significativo do preço do ouro no mercado internacional estimulou a exploração em novas frentes em todo o mundo, inclusive no Brasil, com a expansão da exploração do ouro na Amazónia”, destaca-se no documento da UFMG.
De acordo com o Instituto Nacional de Investigação Espacial, uma agência governamental responsável pela monitorização por satélite, a extração de ouro esteve diretamente ligada à desflorestação de 121 quilómetros quadrados na Amazónia no ano passado, um valor recorde.
O estudo concluiu que pelo menos 23% da desflorestação causada pela exploração mineira afetou as reservas indígenas ou outras áreas supostamente protegidas pelo Estado.
Os especialistas dizem que a expansão desenfreada da extração ilegal de ouro é ainda mais preocupante porque a destruição das florestas é uma das principais causas do aquecimento global.
A extração de ouro também polui rios, devido ao mercúrio utilizado para separar as partículas de ouro do sedimento.
O estudo da UFMG mostrou que 98% da produção ilegal de ouro provinha dos territórios de três municípios do estado do Pará, no norte do Amazonas, onde existem reservas indígenas Kayapo e Munduruku.
O governo do Presidente, Jair Bolsonaro, cujas políticas ambientais têm sido fortemente criticadas pela comunidade internacional, tem sido alvo de solicitações feitas pelo Ministério Público federal para tomar medidas mais rigorosas para controlar a origem do ouro.
Os procuradores estimam que o custo socioambiental da extração ilegal de ouro ascendeu a 39 mil milhões de reais (7,5 mil milhões de euros) entre janeiro de 2021 e junho de 2022.
Este montante é quase equivalente ao valor do ouro extraído durante este período, estimado em 44,6 mil milhões de reais (8,6 mil milhões de euros).
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