O Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, cancelou esta quinta-feira a sua presença na sessão solene do Congresso brasileiro para celebrar os 200 anos da independência do Brasil.

A informação foi avançada pela TV Senado que transmite em direto a chegada das autoridades convidadas como os chefes de Portugal, Guiné-Bissau e Cabo Verde e os representantes de restantes países da Comunicado dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

Recebemos informação que o Presidente da República Jair Bolsonaro cancelou a participação dele aqui hoje”, indicou TV Senado.

O cancelamento surge um dia depois de os presidentes do Congresso, Rodrigo Pacheco, e da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, terem faltado ao desfile desta quarta-feira em Brasília e no Rio de Janeiro, segundo a Folha de São Paulo. A sessão solene com a mesa das festividades seria composta por Rodrigo Pacheco, Arthur Lira, o Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, o chefe de Estado português, Marcelo Rebelo de Sousa, e o primeiro-secretário da Mesa do Congresso Nacional, deputado Luciano Bivar.

A informação de que o Presidente brasileiro tinha cancelado a sua presença na sessão solene aconteceu a pouco menos de 20 minutos de a cerimónia oficial, marcada para as 10h00 (14h00 em Lisboa) começar, e apanhou de surpresa a cúpula do Congresso, e até a própria mesa das festividades e restantes convidados, que aguardavam a sua presença. A Folha de São Paulo adianta que o Presidente brasileiro fez uma transmissão em direto nas redes sociais até poucos minutos antes da hora marcada para o início da cerimónia.

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Durante a cerimónia, o chefe de Estado português irá discursar. Jair Bolsonaro também deveria discursar.

Este cancelamento surge um dia depois do Presidente brasileiro ter participado em Brasília e no Rio de Janeiro nas cerimónias os maiores desfiles do bicentenário da independência, que foram acusadas de se terem transformado num comício político por parte de Jair Bolsonaro, a menos de um mês das eleições presidenciais, e que foram alvo de várias críticas por grande parte dos quadrantes políticos.

O chefe de Estado português, Marcelo Rebelo de Sousa, assistiu ao desfile cívico-militar do 7 de Setembro, na Esplanada dos Ministérios, mesmo no centro da tribuna, ao lado de Bolsonaro.

Presidente da comissão do bicentenário do Senado pede desculpas pela ausência de Bolsonaro

O presidente da comissão do bicentenário do Senado brasileiro pediu desculpas aos chefes de Estado estrangeiros, entre os quais Marcelo Rebelo de Sousa, pela ausência não justificada e sem mensagem por parte do Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro.

“Peço desculpas aos chefes de Estado estrangeiros e às missões diplomáticas pela ausência e não encaminhamento de nenhuma mensagem da parte do atual magistrado do Estado da Nação”, afirmou Randolfe Rodrigues.

Discursando perante várias figuras dos três poderes brasileiros e ainda perante os chefes de Estado de Portugal, Guiné-Bissau e Cabo Verde e os representantes de restantes países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Randolfe Rodrigues afirmou que “a celebração do 7 de setembro é de todos, não de uma fação, de uma parte”.

“Perdemos o caminho que nos foi outorgado”, disse.

O também líder da oposição no senado e um dos coordenadores da campanha de Lula da Silva à presidência leu ainda uma mensagem por parte do ex-presidente brasileiro.

“A minha indignação é ainda maior e acredito que a de todas as pessoas deste país é ainda maior quando uma data nacional que deveria celebrar a união de todos os brasileiros é utilizada por alguns para espalhar o ódio e o atentado à democracia. Democracia, nestes 200 anos, a maior conquista que nós tivemos”, declarou.