O jornalista português Rui Pedro Tendinha está entre os 103 novos votantes que podem selecionar os nomeados e os vencedores dos prémios norte-americanos de cinema e televisão Globos de Ouro, revelou a Associação da Imprensa Estrangeira em Hollywood.
Pela primeira vez na sua história, a Associação da Imprensa Estrangeira em Hollywood nomeou profissionais não-membros desta organização para votarem e escolherem os candidatos e os vencedores dos Globos de Ouro, num gesto inédito em nome da diversidade e do alargamento da assembleia de votantes.
“A inclusão de não-membros provenientes de mercados internacionais permite-nos aumentar mais rapidamente o número de votantes, preservar a nossa identidade internacional e manter o compromisso de agregar jornalistas qualificados e experientes do entertenimento“, afirmou a presidente da associação, Helen Hoehne, em comunicado.
De acordo com a associação, os 103 novos votantes são de 62 países, dos quais 43,5% são da Europa, 18,5% da América Latina, 17% da Ásia, 9% do Médio Oriente e 7% de África.
Entre eles está o jornalista e crítico de cinema Rui Pedro Tendinha, que atualmente escreve para o Diário de Notícias, colabora com outros media e tem o projeto CineTendinha. De acordo com a biografia na página oficial, o jornalista também faz parte da Federação Internacional de Críticos de Cinema.
A Associação da Imprensa Estrangeira em Hollywood, que organiza os prémios Globos de Ouro, conta com cerca de uma centena de membros, entre os quais os portugueses Rui Henriques Coimbra e Bárbara de Oliveira Pinto.
Nos últimos dois anos, a associação tem sido alvo de duras críticas por parte da indústria cinematográfica, sobretudo desde a divulgação de uma investigação do jornal norte-americano Los Angeles Times, em 2021, que levantava dúvidas sobre o funcionamento e conduta ética daquela organização.
Na investigação, o jornal traçava uma imagem de atuação duvidosa da associação, protecionista dos seus membros e desligada da realidade, denunciando que os membros recebiam remunerações avultadas, cuja proveniência não era transparente, e nem todos eram efetivamente jornalistas.
A associação também foi criticada pela falta de diversidade nas escolhas dos nomeados para os prémios, atribuídos pela primeira vez em 1944.
Os Globos de Ouro, que eram considerados um dos mais importantes pontos de paragem da temporada pré-Óscares, foram atribuídos em janeiro passado, sem qualquer cerimónia televisiva, nem a presença de celebridades, com a associação a admitir uma profunda reforma, alterando procedimentos e códigos de conduta, para responder às críticas de corrupção e falta de diversidade.
“O nosso trabalho ainda não está terminado e continuaremos a escolher e a recutar mais membros e votantes não-membros para aumentar, diversificar e fortalecer os Globos de Ouro e manter o caráter único internacional”, afirmou o responsável pelo departamento de diversidade da associação, Neil Phillips, no comunicado sobre a revelação dos 103 novos votantes.
A associação ainda não divulgou a data para a 80.ª edição dos Globos de Ouro, mas a publicação Hollywood Reporter noticou em agosto passado que a cerimónia voltará a ter transmissão televisiva, pela NBC, apontando para 10 de janeiro de 2023.