Uma das principais preocupações do absolutismo — teoria política que defende que alguém, em geral um monarca, deve ter o poder absoluto, isto é, independente de outro órgão — é que a linha de sucessão seja cristalina, clara como água. Talvez porque esta seja a única forma de não se ter de passar uma vida inteira — um reinado, no caso — a olhar por cima do ombro com receio que um tio traidor, um irmão invejoso ou um primo com boas conexões, mas más intenções, levem a sua avante.
No entanto, por cada rei ou rainha que deixa um trono sem filhos, há uma figura real que não pode virar a esquina sem produzir descendentes — legítimos ou não.
Henrique I (1100-1135): 29 filhos
Henrique e Edite da Escócia, anglicanizada como Matilde, e também a sua primeira mulher, tiveram dois filhos: Matilde de Inglaterra e Guilherme Adelin.
Adeliza de Lovaina, também conhecida como Adelícia ou Adela, foi Rainha Consorte da Inglaterra e a segunda esposa de Henrique I. Casou com o rei tinha entre os quinze e os dezoito anos. Henrique, por sua vez, já contava cinquenta e três anos de idade. Acredita-se que a única razão para o rei ter voltado a casar prendia-se com o seu desejo de ter um herdeiro legítimo, já que o seu único herdeiro legítimo, até à data, Guilherme Adelin, morrera no Naufrágio do White Ship. Acontece que, durante os quase quinze anos de casamento, Adeliza não deu nenhum herdeiro ao rei Henrique. Como rainha, participou pouco da vida pública do reino.
Na ausência de filhos com Adela, Henrique I compensou com filhos bastardos, que foi tendo com as suas inúmeras amantes. Não se sabe ao certo quantos filhos ilegítimos Henrique teve. Sabe-se, isso sim, que muitas das crianças nascidas dessas uniões foram usadas para alcançar os seus objetivos políticos. Tal como explica o Royal Central, “em vez de manter os seus filhos ilegítimos fora da vida pública, o rei encontrou casamentos vantajosos para muitos deles elevando-os a importantes cargos”. O uso de filhos ilegítimos para promover projetos políticos não era incomum entre os reis medievais, mas o número de descendentes de Henrique I da Inglaterra era notável, mesmo para os padrões da época.
Eduardo I (1272-1307): 19 filhos
Com a sua primeira esposa, Leonor de Castela, Eduardo I, “Eduardo Pernas Longas” ou “Martelo dos Escoceses” como era conhecido, teve dezasseis filhos, embora nem todos tenham conseguido sobreviver até à idade adulta. Um dos seus filhos tornou-se no rei Eduardo II (1307-1327). Do segundo casamento, com Margarida de França, Rainha da Inglaterra, o soberano também teve filhos, ainda que apenas dois tenham atingido a idade adulta.
Vitória (1837-1901): nove filhos
A soberana com mais filhos foi a rainha Vitória (1837-1901). Casada com o seu primo, o príncipe Alberto de Saxe-Coburgo-Gota, teve nove filhos, com todos a atingirem a idade adulta. Os seus nove descendentes diretos, e vinte e seis dos seus quarenta e dois netos casaram-se com outros membros da realeza e famílias nobres por todo o continente europeu, unindo-as entre si, o que lhe valeu o apelido de “a avó da Europa”.
Ana da Grã-Bretanha (1702-1707): 17 vezes esteve grávida
Rainha da Inglaterra, Escócia e Irlanda, Ana foi a última monarca da Casa de Stuart. Foi também a soberana que mais vezes teve grávida: com um total de 17 gestações, apenas cinco destas resultaram em filhos nascidos vivos, dois dos quais sobreviveram após um ano de idade. Guilherme, Duque de Gloucester, foi o único filho do casal a sobreviver à infância, tendo vivido até aos 11 anos.