Cada russo chamado para combater na Ucrânia receberá um valor mensal de a partir 205 mil rublos por mês (cerca de 3.509 mil euros), declarou Alexander Avdonin, comissário militar russo de Yakutia, citado pela agência de notícias estatal russa Ria. A medida surge depois da “mobilização militar parcial” anunciada por Vladimir Putin na terça-feira, 21 de setembro, que veio estabelecer que mais 300 mil cidadãos vão ser chamados para a frente de batalha na Ucrânia. Contas feitas, significa que o Kremlin vai ter uma despesa de a partir de mil milhões de euros mensais.

“Todos os cidadãos convocados para a mobilização são equiparados a militares contratados, recebem abono monetário no mesmo valor — a partir de 205 mil rublos, dependendo do cargo e da patente militar“, explicou Avdonin.

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Mas o valor recebido por cada cidadão poderá ser superior: a mesma agência avançou que Sergei Aksyonov, líder regional da Crimeia (território ucraniano anexado pela Rússia em 2014), anunciou um apoio único de 200 mil rublos (cerca de 3.320 euros) a cada cidadão mobilizado para lutar. De acordo com a Ria, as diferentes regiões podem, assim, decidir pagar mais do que o valor base atribuído pelo Kremlin aos cidadãos convocados para participar na guerra.

A “mobilização militar parcial” foi anunciada por Vladimir Putin na segunda-feira, 21 de setembro, tendo no mesmo dia entrado em vigor um decreto oficial que estabeleceu que apenas vão ser chamados os soldados na reserva com “experiência militar prévia” — no mesmo briefing, o comissário Avdonin anunciou que os primeiros mobilizados serão os cidadãos que serviram no exército há menos de três anos, com competências de serviço militar adquiridas.

De acordo com Sergei Shoigu esse universo inclui cerca de 300 mil tropas. O ministro da Defesa indicou também que o objetivo da “mobilização parcial” passa por controlar uma linha de mil quilómetros na Ucrânia, bem como as áreas ocupadas pelas forças russas (a que o Kremlin dá o nome de “libertadas”, tendo o presidente russo referido no seu discurso Donetsk, Lugansk, Zaporíjia, Kherson).

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São excluídos da “mobilização parcial” estudantes com mais de 18 anos e que frequentem cursos de formação profissional, não só, mas também por não terem experiência militar prévia. Além disso, e como já tinha indicado o Observador, há outros três critérios para isentar os russos da nova convocatória: idades (ou seja, quem já atingiu a idade limite para cumprir o serviço militar); a saúde (todos os declarados inaptos para cumprir serviço militar); e reclusos (aqueles que terão de enfrentar pena de prisão são excluídos da lista). Na véspera do anúncio de Putin, a Duma, o parlamento russo, aprovou emendas ao Código Penal que agravam a pena prevista para os soldados que desertem ou se rendam voluntariamente ao inimigo.