A beleza é, naturalmente, um conceito subjetivo. Mas é certo que existe, tal como sempre existiu, um arquétipo de beleza que perdura na história, o mesmo que nos vendem os contos da Disney e que, tantas vezes, equivale ao glamour da realeza na vida real.
Hoje, Meghan Markle e Kate Middleton, Duquesa de Sussex e Princesa de Gales, respetivamente, perpetuam a elegância e a sofisticação de figuras como a falecida Lady Di. Mas o mundo dos monarcas sempre teve sua quota de princesas ou rainhas de tal forma esplendorosas que poderiam ter saído diretamente de um filme de Hollywood. São estas as belezas da corte do antigamente — os nomes idênticos não são mais do que uma mera coincidência.
Isabel Woodville, rainha consorte de Inglaterra (1464-1483)
O padrão de beleza para uma mulher medieval era consistente, fosse na literatura ou na arte da época: longos cabelos louros, olhos de gato, rosto oval, testa alta, sobrancelhas depiladas, boca pequena e um corpo esbelto.
Isabel Woodville era dona de todos estes atributos e de mais alguns. Relatos da sua aparência física, bem como representações da rainha em retratos ou ilustrações, indicam que ela personificava a beleza clássica. Reza a História que Eduardo IV apaixonou-se por ela assim que lhe pôs a vista em cima. Conta-se que o rei ficou de tal maneira impressionado com a beleza da então viúva que quis tê-la como amante. Eduardo era um afamado sedutor e tinha inúmeras amantes. Isabel, porém, recusou-se a ser mais uma e insistiu em casar-se com ele. E assim foi: em maio de 1464 os dois casaram em segredo, na casa dos Woodvilles, em Grafton Regis, testemunhados apenas pela mãe da noiva e por mais duas damas.
Isabel de Iorque, rainha consorte de Inglaterra (1486-1503)
Isabel de Iorque, filha de Isabel Woodville e de Eduardo IV, era loira, de olhos azuis e, tal como descreve a historiadora Alison Weir, em Elizabeth Of York The First Tudor Queen, era também considerada “a mais bela filha de Eduardo”. No que respeita a beleza interior, Isabel era constantemente elogiada pelo seu bom caráter, já em criança, também frequentemente apontada como sendo uma rapariga “culta e sábia”, e com “um amor ilimitado pelos seus irmãos e irmãs”. Fazendo jus à beleza da sua mãe — por dentro e por fora — fica também confirmada a teoria de quem quem sai aos seus…
Leonor da Aquitânia, rainha de Inglaterra (1154-1189)
Leonor, muitas vezes proclamada pela História como a rainha mais poderosa da Idade Média, nasceu na corte mais literata e culta do seu tempo. O seu avô, Guilherme IX, “o Trovador” (1071–1126), havia sido um dos primeiros trovadores e poetas vernaculares, e o seu pai, Guilherme X, “o Santo”, por acréscimo, fez questão de oferecer às filhas, Leonor e Petronila, uma educação esmerada. De acordo com registos históricos, Leonor era fluente em cerca de oito línguas, sabia matemática e astronomia, e era capaz de discutir leis e filosofia com os doutores da Igreja. Esta educação, excecional ainda mais por se tratarem de mulheres numa época em que a maioria dos governantes eram analfabetos, permitiu às filhas de Guilherme X desenvolver um espírito crítico e uma sagacidade política muito útil — especialmente a Leonor que viria, ela própria, a governar. Dona de uma beleza inegável, foi a sua inteligência e o seu forte carácter que mais a fizeram brilhar.
Leonor da Provença, rainha consorte do Reino da Inglaterra (1236 – 1272)
Tal como a sua mãe, Beatriz de Saboia — condessa da Provença, politicamente astuta, ativa e com uma beleza tal que a História afirmou ser comparável a uma personagem da mitologia grega —, mas também a par da sua avó e três irmãs, Leonor era famosa pela sua beleza. Morena, de cabelos escuros e olhos penetrantes, o historiador e cronista inglês Peter Langtoft referiu-se àquela rainha como “The erle’s daughter, the fairest may of life”.
Mas a sua boa fama ia além dos seus atributos físicos: Leonor era também respeitada pelas suas capacidades intelectuais, a sua inquestionável habilidade para a escrita de poesia, e chegou até a ser vista como uma visionária no que tocava as tendências de moda da época.