A Dacia é a mais recente cash cow do Grupo Renault, que aglomera a Renault, a Alpine, a Samsung e a Dacia. Com a sua política de preços baixos e sem descontos, mas a dar ao condutor exactamente o que ele necessita, a marca romena não pára de crescer e de, no processo, aumentar os lucros. Mas se esta é uma realidade na Europa e em alguns mercados fora do Velho Continente, há ainda países em que a marca não é conhecida, nem é proposta aos clientes. A imensa Austrália é um desses mercados. O facto de os australianos não poderem adquirir os modelos da Dacia não impediu o grupo francês de acreditar que os seus veículos poderiam interessar aos clientes locais, impulsionados pelo dinamismo do novo importador. Mas como lançar uma marca nova e desconhecida num novo mercado custa dinheiro e tempo, o Grupo Renault teve de encontrar uma estratégia mais célere.

A ideia passa por utilizar na Austrália uma solução que já funcionou em alguns mercados sul-americanos, além da Índia e da Rússia, em que os Dacia trocaram o emblema do construtor romeno por um da Renault e engrossaram a gama da marca francesa. A estratégia poderá ser dupla, uma vez que se por um lado disponibiliza os modelos da Dacia considerados mais interessantes para o mercado, associados a uma marca já conhecida e com uma rede de distribuição eficaz, por outro lado prepara a chegada dos Dacia ao mercado como marca independente, ainda que deslocando esta introdução para mais tarde, quando os compradores já estiverem mais habituados aos produtos da marca.

A Renault irá ter algum trabalho para conseguir “enfiar” o emblema do losango numa grelha desenhada para acolher o novo e muito feliz logótipo romeno, que em parte faz lembrar o de marcas muito populares como a DC Shoes ou a Dolce & Gabbana, em que as letras D e C (de Dacia) surgem integradas na grelha. Mas ultrapassada esta dificuldade, a Renault passará a reforçar a gama composta pelos Captur, Arkana, Koleos, Mégane e Mégane E-Tech, bem como os comerciais Kangoo, Trafic e Master, com modelos selecionados da Dacia.

O primeiro veículo romeno a exibir o emblema do losango na Austrália será o emblemático Duster, já a nova geração, prevista para ser apresentada em 2024. É um SUV com linhas atraentes e modernas, que surpreende pelas suas aptidões em fora-de-estrada, apesar de ser proposto por um preço muito competitivo. Depois do Duster será oferecido o Bigster, um SUV de maiores dimensões para permitir reforçar o espaço interior.

Resta saber como se encaixarão os SUV de origem Dacia entre a oferta de SUV da Renault, tendo em conta que propõem preços inferiores, ainda que com menos equipamento, mas poderão levantar algumas dificuldades aos modelos da marca francesa em justificar as diferenças.

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