Olá

831kWh poupados com a
i

A opção Dark Mode permite-lhe poupar até 30% de bateria.

Reduza a sua pegada ecológica.
Saiba mais

"The Bear": a terapia de choque de um homem sozinho no comando de uma cozinha

Este artigo tem mais de 1 ano

Chega à Disney+ uma das séries referência deste ano. A história de um chef que troca a alta cozinha por um negócio familiar, enquanto lida com traumas, dívidas, novos funcionários e um bom serviço.

Carmy é a personagem principal de de "The Bear". Interpretação de Jeremy Allen White, numa série criada por Christopher Storer que está disponível na íntegra (8 episódios) esta quarta-feira, 5 de outubro
i

Carmy é a personagem principal de de "The Bear". Interpretação de Jeremy Allen White, numa série criada por Christopher Storer que está disponível na íntegra (8 episódios) esta quarta-feira, 5 de outubro

Carmy é a personagem principal de de "The Bear". Interpretação de Jeremy Allen White, numa série criada por Christopher Storer que está disponível na íntegra (8 episódios) esta quarta-feira, 5 de outubro

Entra-se em “The Bear” ao engano. Um resumo nervoso do primeiro episódio pode aliciar uns quantos e assustar muitos outros. Se não, vejamos: há um acordar violento numa cozinha; há dívidas acumuladas e pouco dinheiro para as pagar; uma ajudante nova (Sydney Adamu, interpretada por Ayo Edebiri) apresenta-se ao serviço e tem de explicar o que é a UPS, porque Carmy (interpretado por Jeremy Allen White) está a uma velocidade tão estonteante que nem pondera que UPS é a UPS e não um restaurante; aparece uma mensagem nas redes sociais que anuncia um torneio num jogo de arcada de nicho, uma transação de Levi’s raras por carne; e há uma longa argumentação sobre a importância de manter o esparguete no menu. Repetimos: isto é um pouco do primeiro episódio de “The Bear”, uma das séries sensação do verão passado cujos oito episódios da primeira temporada chegam, finalmente, ao Disney+, esta quarta-feira, 5 de outubro.

Quem vos escreve já viu este episódio três vezes. Não porque seja assim tão difícil de acompanhar – é e não é, depende –, mas porque é uma delícia perceber todas as mensagens que são enviadas naquela abertura frenética que, conforme o tempo passa, vai parecendo tão desproporcionada (mas bela, ao mesmo tempo). Mas há uma razão concreta para rever o mesmo episódio: tentar perceber o porquê da necessidade de tantas mensagens – por vezes contraditórias – em tão pouco espaço de tempo. “The Bear” parece querer entrar com estofo e arcaboiço no mundo da alta cozinha. Mas rapidamente se percebe que tudo se passa numa casa de sanduíches. Num negócio pequeno, familiar.

[o trailer de “The Bear”:]

É percetível neste primeiro episódio que Carmy vem de outro lugar. Nos episódios seguintes compreende-se que há um trauma. São sequelas da passagem por alguns restaurantes de topo, experiências que levam o protagonista a viver em constante estado de alerta, a uma velocidade que a própria câmara parece não conseguir acompanhar. Mas o que leva a um reputado jovem chef a abandonar a carreira na haut cuisine para voltar às raízes, ao negócio familiar? Christopher Storer, o criador da série (que tem mãos, por exemplo, na excelente “Ramy”, disponível na HBO Max) faz a transição com mestria: leva a pressão de um mundo muito particular – o das estrelas Michelin — para outro, também ele cheio de exigências: o de um restaurante pequeno, que tem de sobreviver ao dia-a-dia.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O que o primeiro episódio nos diz – e bem – é que os dois universos não estão assim tão distantes. E Carmy carrega bem todos os pesos e medidas: se por um lado é o tipo que aparece a querer renovar tudo, com a cegueira de quem não conhece o negócio e os seus clientes, por outro é o justiceiro que quer que toda a gente se trate por chef, como sinal de respeito – e igualdade –, num ambiente onde a hierarquia costuma dominar. E, nisto tudo, subentende-se que o negócio começou a acumular dívidas após Carmy ter chegado e que há alguém nos bastidores que realmente gere o restaurante, Richie (Ebon Moss-Bachrach). Ou assim parece.

Uma das maiores delícias da primeira temporada de “The Bear” é a intensa virtude de gerir as expectativas e de nos dar uma história antiga – a gestão de um negócio familiar, neste caso uma cozinha – com algo que sabe a novo

“The Bear” não é um acontecimento de falsas aparências, antes uma terapia de choque em volta do funcionamento de uma cozinha e de toda a operação que a rodeia — a gestão de um restaurante local, com história, que tem um passado recente de declínio. Esse passado está ligado ao irmão de Carmy, Michael, que se suicidou e deixou o negócio nas mãos de quem poderia confiar mais. Carmy, que existe para fazer da cozinha a sua vida, parece atravessar constantemente um estado de stress pós-traumático, enquanto processa o que se passou com o irmão. E enquanto isso acontece, o protagonista tenta mudar o restaurante por dentro, com a ajuda de tudo o que foi aprendendo. Contudo, “The Bear” não acontece na expectativa de “experiência para ver se resulta” e, sim, na naturalidade da sua própria situação.

O ritmo alucinante do primeiro episódio (para não dizer violento e surreal) eventualmente dilui-se ao longo dos episódios seguintes. A sensação de choque provocado nunca nos abandona. E talvez essa seja uma das maiores delícias da primeira temporada de “The Bear”, a intensa virtude de gerir as expectativas e de nos dar uma história antiga – a gestão de um negócio familiar – com algo que sabe a novo. Não é porque as coisas das cozinhas e dos chefs estão mais presentes na nossa curiosidade do que alguma vez estiveram que “The Bear” funcionou; é porque Christopher Storer soube dar novas soluções a histórias antigas. E, também por isso, é tão bom rever aquele primeiro episódio: pelas várias histórias que poderiam sair dali. A que é contada nos episódios seguintes é apenas uma das muitas possíveis. E, não por acaso, muito boa.

 
Assine um ano por 79,20€ 44€

Não é só para chegar ao fim deste artigo:

  • Leitura sem limites, em qualquer dispositivo
  • Menos publicidade
  • Desconto na Academia Observador
  • Desconto na revista best-of
  • Newsletter exclusiva
  • Conversas com jornalistas exclusivas
  • Oferta de artigos
  • Participação nos comentários

Apoie agora o jornalismo independente

Ver planos

Oferta limitada

Já é assinante?
Apoio a cliente

Para continuar a ler assine o Observador
Assine um ano por 79,20€ 44€
Ver planos

Oferta limitada

Já é assinante?
Apoio a cliente

Ofereça este artigo a um amigo

Enquanto assinante, tem para partilhar este mês.

A enviar artigo...

Artigo oferecido com sucesso

Ainda tem para partilhar este mês.

O seu amigo vai receber, nos próximos minutos, um e-mail com uma ligação para ler este artigo gratuitamente.

Ofereça artigos por mês ao ser assinante do Observador

Partilhe os seus artigos preferidos com os seus amigos.
Quem recebe só precisa de iniciar a sessão na conta Observador e poderá ler o artigo, mesmo que não seja assinante.

Este artigo foi-lhe oferecido pelo nosso assinante . Assine o Observador hoje, e tenha acesso ilimitado a todo o nosso conteúdo. Veja aqui as suas opções.

Atingiu o limite de artigos que pode oferecer

Já ofereceu artigos este mês.
A partir de 1 de poderá oferecer mais artigos aos seus amigos.

Aconteceu um erro

Por favor tente mais tarde.

Atenção

Para ler este artigo grátis, registe-se gratuitamente no Observador com o mesmo email com o qual recebeu esta oferta.

Caso já tenha uma conta, faça login aqui.

Apoie o jornalismo. Leia sem limites. Verão 2024.  
Assine um ano por 79,20€ 44€
Apoie o jornalismo. Leia sem limites.
Este verão, mergulhe no jornalismo independente com uma oferta especial Assine um ano por 79,20€ 44€
Ver ofertas Oferta limitada