Não há melhor remédio para uma aparente crise de resultados do que três vitórias consecutivas. O FC Porto perdeu com o Atl. Madrid, empatou com o Estoril e foi goleado pelo Club Brugge mas entretanto venceu o Sp. Braga, o Bayer Leverkusen e o Portimonense. De repente, no espaço de duas semanas, os dragões reentraram nas contas do apuramento para os oitavos de final da Liga dos Campeões e estão isolados no segundo lugar do Campeonato.

Assim, o FC Porto visitava esta quarta-feira o Bayer Leverkusen com a possibilidade de somar a quarta vitória seguida, de cimentar o segundo lugar num grupo onde o Club Brugge já estava apurado depois de ter empatado com o Atl. Madrid e de conquistar mais uns degraus na escadaria da confiança na antecâmara da importante receção ao Benfica no Dragão.

Ficha de jogo

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Bayer Leverkusen-FC Porto, 0-3

Fase de grupos da Liga dos Campeões

BayArena, em Leverkusen (Alemanha)

Árbitro: István Kovács (Roménia)

Bayer Leverkusen: Hradecky, Hincapie, Tah, Bakker, Kossounou, Demirbay, Aránguiz, Adli (Paulinho, 57′), Hudson-Odoi (Hlozek, 69′), Diaby (Fosu-Mensah, 88′), Schick

Suplentes não utilizados: Lomb, Lunev, Amiri, Tapsoba, Hlozek, Azhil

Treinador: Xabi Alonso

FC Porto: Diogo Costa, João Mário (Evanilson, 45′), Fábio Cardoso, David Carmo, Zaidu, Otávio, Uribe (Bernardo Folha, 85′), Stephen Eustáquio (Danny Loader, 90+2′), Pepê, Galeno (Gonçalo Borges, 85′), Taremi (Toni Martínez, 90+2′)

Suplentes não utilizados: Cláudio Ramos, Marcano, Wendell, Grujic, Rodrigo Conceição, Bruno Costa, Gabriel Veron

Treinador: Sérgio Conceição

Golos: Galeno (6′), Taremi (gp, 53′, gp, 64′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a João Mário (32′), a Hincapié (63′), a Bakker (65′), a Paulinho (84′)

“Este é um grupo à imagem da época passada, em que qualquer uma das equipas pode passar. Neste momento, estamos na luta, com a boa vitória que tivemos no Dragão. Acredito que são todos jogos muitos equilibrados e é importante não perder. Isto não quer dizer que o empate é bom, porque viemos a procura da vitória. Até porque é extremamente importante para nós, em termos desportivos e também financeiros. Com esta prova e com os títulos, temos evoluído e potenciado jogadores, algo que em termos financeiros também é uma situação importante para o clube. O que me parece é que esse lado financeiro não tem correspondido à evolução dos jogadores e ao sucesso desportivo”, disse Sérgio Conceição na antevisão da partida e numa semana em que o FC Porto renovou com Zaidu, João Mário, Pepê e Evanilson.

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Ora, era neste contexto que os dragões visitavam esta quarta-feira um Bayer Leverkusen que despediu o treinador após a derrota no Dragão na semana passada — e que contratou de imediato Xabi Alonso, antigo internacional espanhol, que se estreou com uma goleada ao Schalke 04 na Bundesliga. Sérgio Conceição recuperava a titularidade de João Mário e Zaidu nas alas e lançava Galeno no onze inicial, deixando Evanilson no banco. Do outro lado, os alemães não podiam contar com Andrich e Frimpong, dois habituais titulares que estavam castigados, e ainda com os lesionados Florian Wirtz, Exequiel Palacios e Sardar Azmoun.

O jogo começou praticamente com o golo do FC Porto. Diogo Costa colocou a bola direitinha no corredor esquerdo, Galeno respondeu com uma receção orientada perfeita e avançou em velocidade em direção à grande área, deixando dois adversários para trás e atirando rasteiro para abrir o marcador e voltar a marcar ao Bayer Leverkusen depois de já o ter feito na semana passada (6′). Os dragões compactaram a equipa e desceram as linhas, confortáveis com o resultado, e os alemães iniciaram uma primeira parte em que tiveram um ascendente natural e estiveram sempre perto do empate.

À passagem do primeiro quarto de hora, o árbitro da partida começou por assinalar simulação de Bakker na grande área mas reverteu a decisão após analisar as imagens do VAR, considerando que Uribe fez falta sobre o lateral. O Bayer Leverkusen mudou o marcador da grande penalidade face à do Dragão, onde Diogo Costa defendeu o remate de Schick, mas o desfecho foi o mesmo: Demirbay atirou, o guarda-redes português defendeu e evitou o empate (16′). 

Os alemães continuaram a insistir até ao intervalo, com Bakker a ter a melhor oportunidade deste período com um pontapé cruzado que Diogo Costa defendeu (34′), mas a organização defensiva do FC Porto não permitia grandes aventuras ao adversário — que só desequilibrava essencialmente quando colocava a bola nas costas dos laterais, com movimentos diagonais do jogador que fugia da ala para dentro. O Bayer Leverkusen marcou mesmo nesta fase, com Adli a finalizar uma jogada ofensiva de enorme qualidade, mas o lance foi anulado por fora de jogo de Schick, que ainda desviou a bola antes de entrar (36′).

Ao intervalo, o FC Porto estava a vencer graças ao golo solitário de Galeno e à grande defesa de Diogo Costa na grande penalidade mas era claro que o Bayer Leverkusen não estava fora do jogo. Os dragões recuaram demasiado face à vantagem conquistada ainda muito cedo e iam resistindo assentes não só numa boa reação defensiva como também na exibição esforçada de Galeno, que para além de ter marcado ia realizando compensações cruciais na hora da transição.

Sérgio Conceição mexeu ao intervalo e trocou João Mário — que já tinha cartão amarelo, falhando a visita ao Club Brugge na próxima jornada — por Evanilson, recuando Pepê para a direita da defesa. O Bayer Leverkusen criou a primeira oportunidade da segunda parte, com Fábio Cardoso a intercetar um remate de Adli na hora certa (48′), e o FC Porto respondeu com a dilatação da vantagem. Num lance em que o árbitro da partida ainda começou por assinalar falta à entrada da grande área, o VAR acabou por considerar que Galeno sofreu falta já na área e Taremi, na conversão, não falhou (53′).

Xabi Alonso mexeu logo depois, trocando Adli por Paulinho, mas o universo estava claramente inclinado para o lado dos dragões. O Bayer Leverkusen já não era capaz de aplicar a pressão alta que tinha apresentado na primeira parte, Galeno voltou a fugir em velocidade na esquerda e foi novamente carregado em falta na grande área. Na conversão, mais uma vez, Taremi não falhou, bisou e aumentou a vantagem (64′).

O treinador dos alemães fez mais duas substituições, lançando Hlozek e Tapsoba, Diogo Costa ainda fez mais uma grande defesa a um remate em jeito de Diaby (80′) mas já pouco mais aconteceu à exceção das entradas de Bernardo Folha (que se estreou na Liga dos Campeões), Gonçalo Borges, Danny Loader e Toni Martínez, com a equipa de Sérgio Conceição a segurar a vantagem sem grande sofrimento mas também sem grande vontade de ter bola para lá do meio-campo.

O FC Porto venceu o Bayer Leverkusen na Alemanha e aproveitou o empate do Atl. Madrid com o Club Brugge para depender apenas de si próprio para chegar aos oitavos de final da Liga dos Campeões. Num dia em que os dragões tiveram uma exibição muito sólida, com a noção clara de que era preciso segurar o resultado depois do golo alcançado muito cedo, Diogo Costa foi crucial com mais uma grande penalidade defendida e outras defesas importantes e Galeno assinou a melhor prestação desde que regressou ao clube. No fundo, um mata, outro esfola e é Sérgio Conceição quem ganha.