O PCP acusou esta quarta-feira o PS de “não querer perder o comboio” da direita ao avançar com a privatização da TAP, mas os socialistas defenderam-se com a possibilidade de melhorar o serviço e as condições dos trabalhadores.

“Uma TAP ao serviço do povo e do país só é possível com o controlo público”, sustentou a líder parlamentar comunista, Paula Santos, durante uma declaração política na Assembleia da República.

A deputada defendeu que o processo de privatização da companhia aérea portuguesa iniciado pelo Governo socialista, “com o conforto do PSD e IL“, demonstra a “subordinação aos interesses dos grupos económicos e também a submissão à perspetiva da Comissão Europeia de destruição da TAP”, para concentrar, na ótica dos comunistas, a aviação em “duas ou três” empresas.

“A destruição da TAP, além de implicar a perda de soberania e de deixar o país completamente dependente do estrangeiro, iria mandar mais de 10.000 trabalhadores para o desemprego, iria custar ao país muito largas centenas de milhões de euros em prestações sociais, outro tanto em indemnizações”, sustentou.

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Pelo PS, Hugo Oliveira referiu que o partido “sempre considerou a TAP uma empresa estratégica” e o processo de privatização em curso “vai permitir aumentar as suas vendas, reduzir os custos com fornecedores” e torná-la “mais competitiva”.

“Pergunto-lhe se, para o PCP, uma TAP mais viável resultará também na possibilidade de termos trabalhadores com melhores condições no futuro, porque essa é também uma preocupação do PS”, questionou o deputado socialista apontando à líder da bancada do PCP.

Na resposta, a líder parlamentar do PCP respondeu que o PS “não quer perder o comboio das forças políticas à direita” e que isso está “comprovado pelas tentativas de privatização” da empresa o longo dos anos.

“O que o PS pretende é transformá-la numa empresa regional”, enquanto o PCP, defendeu a deputada, quer “reforçar a sua capacidade“.

Pelo Chega, Bruno Nunes, disse que o PCP “não consegue responder há 30 anos” qual é o “plano de restruturação” da TAP que defende.

“Fica sempre tudo no ar. Parecem aqueles aviões que, quando chegam a Lisboa, não sabem como aterrar e dão mais uma volta, até Santarém. Estão a gastar gasolina sem saber o que fazer”, ironizou o deputado, que chegou a acusar o PCP de “xenofobia financeira” por dizer que “não quer cá os estrangeiros a investir”.

Bruno Nunes apontou também aos liberais, que acusou de quererem vender “tudo até ao último parafuso” e por ficarem “muito exaltados” quando o assunto da TAP vem à tona.

Bernardo Blanco, da IL, dirigiu-se a Paula Santos para lhe dizer que a TAP “já é uma empresa regional” e que isso está comprovado quando o primeiro-ministro viajou pela Ryanair para os Açores ou quando foi a Hi Fly a repatriar cidadãos durante a pandemia.

A TAP “nacionalizou-se por cegueira ideológica“, por isso, para a IL não faz sentido “salvar uma companhia aérea que a esmagadora maioria do país não utiliza”.

A deputada bloquista Mariana Mortágua referiu que “as privatizações são a história de um saque ao país”, por privarem o país de uma “importante fonte de receita“, entregando-a a “fundos abutres”.

A TAP, prosseguiu, está em desvantagem em relação às empresas privadas, já que as regras da Concorrência não permitem que seja capitalizada.

“Diga-me, senhor deputado Bernardo Blanco, como é que se gera uma empresa que não e pode capitalizar?”, interrogou.

A comunista Paula Santos respondeu ao deputado liberal que “ainda virá o dia em que se vai perceber o empenhamento da IL contra a TAP” e que uma empresa que “não recebeu qualquer apoio por parte do Estado”, só demonstra que a “sua atividade é, de facto, viável”.