Um centro de reflexão norte-americano especializado na China prevê que Xi Jinping sairá do 20.º Congresso do Partido Comunista Chinês (PCC) com a sua liderança reforçada, a pensar no período pós-2027, mas sem indicar um sucessor.
Xi Jiping, 69 anos, deverá ser reeleito para um terceiro mandato consecutivo como líder do PCC para o período 2022-2027, no congresso que está a decorrer em Pequim, com a participação de cerca de 2.300 delegados de todos o país.
Com base numa consulta a mais de mil dos seus utilizadores, o ‘think tank’ MacroPolo, do Instituto Paulson, com sede em Chicago, prevê que três dos atuais sete membros do Comité Permanente do Politburo (CPP) do PCC sejam substituídos.
Trata-se do atual primeiro-ministro, Li Keqiang, 67 anos, cujo mandato à frente do executivo não pode ser renovado, de Li Zhanshu, 71, e de Han Zheng, 68, com base na norma que estabelece o limite de 68 anos de idade no início de um novo mandato.
Apesar de ter sido usada no passado, a norma da idade não se aplica a Xi Jiping, que a aboliu para o cargo de secretário-geral do partido em 2018, permitindo-lhe continuar a liderar a China.
Li Keqiang poderia permanecer no CPP como presidente da Assembleia Nacional Popular, mas os analistas do MacroPolo consideram tal cenário pouco provável, com Xi a optar por um dos seus aliados.
“Essas três vagas serão muito provavelmente preenchidas por Hu Chunhua (atual vice-primeiro-ministro), Cai Qi (atual secretário do partido em Pequim) e Chen Min’er (atual secretário do partido em Chongqing)”, segundo a previsão do MacroPolo.
Os três possíveis novos membros sairão do Politburo, onde têm assento 25 dirigentes do partido.
Este cenário tem como pressupostos uma “posição mais forte” de Xi, a idade e filiação atual no Politburo, a manutenção do número de membros do CPP e a inexistência de sucessores.
“A força política de Xi estabelece o parâmetro dentro do qual são feitas as nossas projeções”, disse o ‘think tank’.
Segundo os analistas do MacroPolo, desde o 19.º Congresso do PCC, realizado em 2017, Xi tem tido um “supermaioria” no CPP, e cerca de 80 por cento dos atuais membros “têm laços muito fortes ou fortes” com o líder chinês.
Apesar da política de “zero Covid” e de uma economia em queda, “Xi saiu relativamente incólume de um ponto de vista político”, disseram os peritos.
“Além disso, não há oposição óbvia para desafiar seriamente as várias coligações que Xi tem juntado para formar uma base política forte”, referiram.
Chen Min’er e Hu Chunhua têm sido apontados como “aparentes herdeiros” de Xi, mas os analistas do MacroPolo consideraram que as suas posições no CPP significarão que nenhum deles está a ser elevado à categoria de sucessor.
“Na nossa opinião, este é o cenário mais realista”, disseram os analistas.
Para o ‘think tank’, tal composição permite a Xi manter o controlo do CPP e assegurar um “relativo equilíbrio entre as suas três principais coligações” – Zhejiang, Fujian, e Shaanxi – com base nos laços e alianças que formou nestas três províncias.
Xi nasceu na província de Shaanxi em 1953, e, entre outros cargos políticos, foi responsável pela governação em Fujian e Zhejiang entre 1999 e 2007.
Assumindo um terceiro mandato, Xi vai encerrar formalmente um período de duas décadas marcado por transições previsíveis e ordenadas de um líder partidário para o outro.
Em 2002, Hu Jintao sucedeu a Jiang Zemin como secretário-geral do partido e Hu abriu caminho para Xi em 2012.
Na abertura do congresso do PCC, Xi disse que o partido vai lutar em prol do rejuvenescimento do país de mais de 1.400 milhões de habitantes.
“O nosso futuro é brilhante, mas ainda temos um longo caminho a percorrer”, afirmou o líder chinês.
Xi Jinping é secretário-geral do PCC desde 2012, e Presidente da China desde 2013.