A Associação da Hotelaria de Portugal (AHP) manifestou-se esta quinta-feira contra a aplicação da taxa turística no concelho de Coimbra.

Só em destinos turísticos considerados maduros é que se justifica a criação deste tipo de taxas, o que não acontece neste caso”, afirmou a AHP, em comunicado, realçando que, neste capítulo, Coimbra “está muito longe de outros destinos portugueses onde a pegada turística é evidente”.

Uma delegação da associação patronal e vários hoteleiros da cidade participam, na tarde desta quinta-feira, numa reunião com o presidente do município de Coimbra, José Manuel Silva, para “mais uma vez justificarem a sua posição contrária” à da autarquia sobre a cobrança da taxa turística.

Na segunda-feira, um projeto de regulamento da taxa municipal para o setor foi aprovado em reunião da Câmara Municipal, com os votos contra dos vereadores do PS e a abstenção do eleito da CDU, devendo agora a consulta pública prolongar-se por 30 dias.

A Associação da Hotelaria de Portugal defendeu que as taxas turísticas “não devem incidir exclusivamente sobre o alojamento turístico”, mas ser “também aplicadas a todos os agentes económicos do concelho”.

“No momento atual, a criação da taxa é totalmente inoportuna, tendo em conta o período conturbado que o setor viveu nos últimos dois anos, com a pandemia da Covid-19, que levou a quebras nas receitas da hotelaria de 66% em 2020 e 46% em 2021, comparativamente com 2019”, sublinhou.

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Dessas quebras, segundo a AHP, a hotelaria da cidade do Mondego “ainda não recuperou, o que deixou os operadores económicos deste setor numa situação extremamente fragilizada, apesar da recuperação de 2022”, que, ainda assim, “foi bem mais tímida em Coimbra, muito dependente do mercado nacional e dos segmentos de congressos e reuniões”.

“Acresce que hoje também nos deparamos com uma situação económica (…) muito instável e incerta”, que inclui “inflação, guerra na Ucrânia com interrupção da utilização do espaço aéreo russo, tão propenso aos mercados emissores do Sudoeste Asiático, e interrupção dos circuitos de abastecimento”, além dos “graves problemas de mão-de-obra”, referiu a associação.

Para a vice-presidente executiva da AHP, Cristina Siza Vieira, “é essencial ouvir a hotelaria”.

“Estamos contra a criação da taxa, mais ainda agora, mas disponíveis para trabalhar em conjunto com o município de Coimbra para, em conjunto, encontrarmos um caminho que satisfaça todas as partes”, preconizou Cristina Siza Vieira, citada na nota.

A AHP salientou que, numa reunião realizada em setembro, “com a maioria dos hoteleiros” de Coimbra, estes, associados e não associados, manifestaram-se “unanimemente contra a referida taxa e partilharam diversas preocupações com o estado da cidade”.