Ninguém encarna tão bem a expressão “quero, posso e mando” como um rei. E, se hoje os bastidores da monarquia apelam por algum bom senso (não vá a opinião pública, sempre pronta, apontar algo digno de maldizer), no passado as coisas não eram bem assim: o rei queria, podia e fazia — ou mandava fazer —, independentemente de tudo e de todos. As excentricidades à altura do cargo faziam parte da vida de um soberano e as mesmas podiam incluir ter como animal de estimação um elefante. Mas não um elefante qualquer: entre outros animais, este era um elefante alimentado à base de… espumante e vinho.

Decorria o ano de 1623 quando Jaime VI da Escócia e I de Inglaterra (1567-1625), filho de Maria Rainha da Escócia, recebeu do rei de Espanha um elefante como presente. De outros reinos da Europa, África e Ásia chegaram também crocodilos, camelos, girafas e ainda uma variedade de pássaros exóticos. O rei permitiu que os animais andassem à solta no St James’s Park tendo criado uma gaiola no lado sul do parque para os seus pássaros exóticos.

Mas, segundo reza a História, James tinha um carinho especial pelos seus elefantes, motivo pelo qual terá instruído que estes fossem alimentados com a melhor carne de veado e baldes dos melhores champanhes espumantes. Foi também ordenado que, ao longo dos meses frios do inverno, fosse dado ao seu elefante de estimação apenas vinho de forma a “mantê-lo quente”.

Infelizmente, ninguém questionou ou sequer se preocupou em descobrir quais os cuidados necessários para os elefantes se manterem saudáveis. O animal bebia mais de um copo de vinho tinto por dia, sem que ninguém parasse para perguntar como é que um elefante reagiria a este tipo de “alimentação”. O animal não viveu por muito tempo e nenhuma lição foi aprendida: durante mais alguns tempos o mito permaneceu e os elefantes continuaram a beber vinho.

Os elefantes do St James’s Park passaram a simbolizar uma era de mudança e diversidade, desencadeada pela vasta gama de novas ideias introduzidas por James I: unir o reino às artes, bem como a dissolução de classe, género e barreiras raciais. Foi através deste impulso para a liberdade, para as artes e novas ideias que o rei James I desencadeou o início da Idade Moderna na Grã-Bretanha.

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