Atualizado às 18h40 com informação oficial sobre a saída do ex-presidente do congresso.
O Partido Comunista Chinês (PCC) aprovou uma emenda à sua carta magna que eleva o estatuto do secretário-geral da organização, Xi Jinping, como líder indiscutível da China. A decisão foi tomada na sessão de encerramento do 20.º Congresso do PCC, que definiu a agenda que vai moldar o futuro político do país asiático nos próximos cinco anos.
O texto da emenda não foi divulgado imediatamente, mas, antes da sua aprovação, um locutor referiu os motivos por detrás da decisão, mencionando repetidamente Xi e os seus “feitos” na modernização das Forças Armadas e da economia e no reforço da autoridade do Partido. Nos seus breves comentários finais, Xi apontou que a revisão “estabelece requisitos claros para manter e fortalecer a liderança geral do Partido”.
“As conquistas do Partido [Comunista], nos últimos cem anos, são de glória incomparável”, afirmou Xi, no discurso de encerramento do mais importante evento da agenda política do país. “O Partido está a florescer e temos total confiança de que seremos capazes de criar novos e maiores milagres”, disse.
No congresso anterior, em 2017, o PCC elevou já o estatuto de Xi ao consagrar as suas ideias — conhecidas como “Pensamento de Xi Jinping” — na sua carta magna. A elevação do seu pensamento ideológico torna qualquer crítica às diretrizes de Xi num ataque direto ao Partido e sinaliza amplo apoio ao líder chinês entre a elite política do país, segundo observadores. As emendas à carta magna elevam Xi Jinping ao estatuto de líder mais importante na História da República Popular, desde o seu fundador, Mao Zedong. As emendas designam Xi Jinping como o “núcleo de todo o Partido”.
As emendas são uma “grande vitória” para Xi Jinping, observou Willy Lam, especialista em assuntos do Partido Comunista Chinês, na Universidade Chinesa de Hong Kong. “Todos vão ter que obedecer a Xi”, apontou. “Por um lado, isto acelerará a tomada de decisões, mas, por outro lado, haverá uma completa ausência de contrapesos e freios ao seu poder”.
Os cerca de 2.000 delegados presentes no congresso também elegeram formalmente um novo Comité Central, composto por 205 membros, de acordo com a imprensa estatal. A análise consensual aponta para a atribuição de um terceiro mandato a Xi Jinping como secretário-geral do PCC. O relatório de trabalhado lido por Xi na sessão de abertura do congresso, há uma semana, mostrou a sua determinação em permanecer no rumo atual, perante os desafios internos e externos.
Xi emergiu durante a sua primeira década no poder como um dos líderes mais fortes na História moderna da China, quase comparável a Mao Zedong, o fundador da República Popular, que liderou o país entre 1949 e 1976. Um terceiro mandato de Xi quebraria um limite não oficial de dois mandatos, que foi instituído para tentar evitar os excessos do poder absoluto que marcaram o reinado de Mao. Xi Jinping, de 69 anos, deve obter um terceiro mandato como secretário-geral do PCC este fim de semana.
Ex-presidente chinês Hu Jintao escoltado para fora do congresso
A marcar o congresso está a retirada do congresso do ex-presidente chinês Hu Jintao, que foi levado para fora do Grande Palácio do Povo, durante a cerimónia de encerramento do 20.º Congresso do Partido Comunista, de acordo com jornalistas da agência France Presse. O político, de 79 anos, que serviu como Presidente da China entre 2003 e 2013, foi pressionado pela equipa de segurança a levantar-se do seu assento ao lado do secretário-geral do Partido, Xi Jinping, na primeira fila do Grande Palácio do Povo.
A princípio relutante, o ex-presidente parece argumentar, antes de ser agarrado pelo braço por um funcionário, que o conduz até à saída. Hu Jintao mantém uma breve conversa final com Xi Jinping e o primeiro-ministro Li Keqiang, a quem dá o que parece ser um toque amigável no ombro.
Horas depois a agência noticiosa oficial Xinhua justificou a saída do antigo dirigente, indicando que Jintão “não se estava a sentir bem”. “Hu Jintao insistiu em participar da sessão de encerramento (…), mas, durante a sessão, não se sentiu bem e a sua equipa, para bem da sua saúde, acompanhou-o até uma sala adjacente, para que pudesse descansar”, acrescentou a mesma fonte.
“Ele agora está a sentir-se muito melhor”, escreveu a Xinhua. A mensagem da agência foi divulgada em língua inglesa na rede social Twitter. Uma pesquisa pelo nome de Hu Jintao nas redes sociais do país omite a sua retirada do evento. A imprensa estatal também não noticiou o incidente.
Esta saída incomum do ex-presidente não foi imediatamente explicada ou noticiada pela imprensa estatal.
A BBC vai dizendo que Hu Jintao parecia relutante em sair, tendo dirigido algumas palavras a Xi Jinping nesse momento. A BBC diz que há duas leituras possíveis: descontentamento pelo seu tempo estar a ser simbolicamente apagado ou estar com problemas de saúde. No primeiro dia do congresso, Hu só conseguiu andar com a ajuda de um assistente, aparentando fragilidade.
Primeiro-ministro chinês Li Keqiang afastado da liderança do Partido Comunista
Li Keqiang, o primeiro-ministro da China e principal defensor das reformas económicas no país, está entre quatro dos sete membros do Comité Permanente do Politburo do Partido Comunista (PCC) que vão ser afastados. O seu nome não constava na lista do novo Comité Central, uma espécie de parlamento do Partido Comunista Chinês com cerca de 200 membros.
A lista foi aprovada no sábado, durante a sessão de encerramento do 20.º Congresso do PCC, que durou uma semana e definiu a liderança e a agenda política do país para os próximos cinco anos.
Apenas membros do Comité Central podem servir no Comité Permanente do Politburo, a cúpula do poder na China.
Os outros três membros que foram afastados são o secretário do Partido Comunista no município de Xangai, Han Zheng, o chefe do órgão consultivo do Partido, Wang Yang, e Li Zhanshu, um antigo aliado de Xi e presidente da Assembleia Nacional Popular, o órgão máximo legislativo da China.