Nove novos casos de Ébola foram registados este domingo em Kampala, elevando para 14 o número total de pessoas infetadas na capital do Uganda, e para 90 o total de casos no país, anunciou esta segunda-feira o Governo ugandês.
“Ontem, 23 de outubro de 2022, nove indivíduos foram confirmados positivos para o Ébola” em Kampala e na sua área metropolitana, “elevando o número total de casos para 14 nas últimas 48 horas”, anunciou na segunda-feira a ministra da Saúde do Uganda, Jane Ruth Aceng Aceng, através da rede social Twitter.
De acordo com a ministra, as pessoas infetadas na capital estiveram em contacto com um paciente do distrito de Kasanda (centro), que viajou para Kampala no início de outubro, vindo a morrer no principal hospital do Uganda, Hospital de Mulago, em 7 deste mês.
Na sequência do caso, foram identificadas 42 pessoas com quem o homem possa ter estado em Kampala, que ficaram a ser seguidas.
Os novos casos incluem sete familiares do falecido e um trabalhador da saúde, que o tratou numa clínica privada, segundo a ministra.
Estes novos contágios foram revelados pela ministra apenas um dia depois de noticiar este domingo a existência de cinco casos em Kampala e da respetiva transferência dos pacientes infetados para a unidade de isolamento em Entebbe, outro hospital a cerca de 40 quilómetros de Mulago.
O surto de Ébola no Uganda acumula agora um total de 90 casos confirmados, incluindo 28 mortes.
O Uganda declarou um surto de Ébola no passado dia 20 de setembro, depois de confirmar um caso no distrito de Mubende (centro), onde um homem de 24 anos morreu devido à doença causada por um vírus de Ébola de uma estirpe invulgar, a estirpe Sudão.
A estirpe Sudão não só é menos transmissível como apresenta menor taxa de mortalidade (40% – 100%) que a Zaire (70% – 100%).
Ao contrário da estirpe do Zaire, que tem sido notificada em epidemias na vizinha República Democrática do Congo (RDCongo), ainda não existe uma vacina aprovada para esta estirpe.
Vacinas experimentais contra o vírus Ébola distribuídas no Uganda
Além disso, a estirpe Sudão não só é menos transmissível como também tem uma taxa de mortalidade inferior à da estirpe Zaire.
A doença tem seis estirpes diferentes, três das quais (Bundibugyo, Sudão, Zaire) já causaram grandes epidemias.
Países como a RDCongo, Quénia, Tanzânia, Ruanda e Somália estão em alerta para evitar uma possível propagação do vírus.
Na sexta-feira passada, o ministro da informação do Uganda, Godfrey Kabyanga, disse que “esta epidemia deverá ser invertida e eliminada até ao final de 2022”.
Na quinta-feira, o diretor interino do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (Africa CDC), Ahmed Ogwell, afirmou que os dados atuais “implicam um risco de propagação no país e nos seus vizinhos”, mas não exigem medidas de “emergência total”.
O Presidente ugandês, Yoweri Museveni, anunciou no dia 15 a imposição de um isolamento de 21 dias em Mubende e Kasanda, além de outras restrições, para conter a epidemia.
Descoberto em 1976 na RDCongo – então chamada Zaire – o Ébola é uma doença grave, frequentemente fatal, que afeta seres humanos e primatas, transmitida por contacto direto com o sangue e fluidos corporais de seres humanos ou animais infetados.
Provoca hemorragias graves e os seus primeiros sintomas são febre alta súbita, fraqueza e dores musculares graves, na cabeça e garganta, e vómitos.
As pessoas infetadas só se tornam contagiosas após o início dos sintomas, que se manifestam depois de um período de incubação que varia de dois a 21 dias.
O vírus devastou vários países da África Ocidental entre 2014 e 2016, período em que morreram 11.300 pessoas e foram registados mais de 28.500 casos.