A Associação de Correspondentes de Imprensa Internacional na República Democrática do Congo (RDCongo) expressou esta terça-feira “sérias preocupações” após a detenção na noite anterior em Kinshasa de um dos seus membros, “desaparecido” desde então.

O jornalista da RDCongo Steve Wembi, colaborador do New York Times, foi alvo de “uma rusga de agentes apresentados como pertencentes à Agência Nacional de Informações (ANR, na sigla em francês)”, lê-se num comunicado da Associação de Correspondentes de Imprensa Internacional (ACPI).

Um repórter, sob condição de anonimato, disse à agência France-Presse que viu Steve Wembi ser agarrado e metido à força num veículo todo-o-terreno pelos homens que o detiveram.

A ACPI acrescenta que outro dos seus membros, o jornalista Pascal Mulegwa, correspondente em Kinshasa da Radio France Internationale (RFI), “procurou averiguar a situação do seu camarada e foi brutalmente interpelado em frente ao hotel e ficou sem os seus bens pessoais”.

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Os bens foram-lhe restituídos “depois de mais de duas horas de detenção em condições desumanas nas instalações da ANR”, acrescenta-se no comunicado.

No entanto, uma grande quantia em dinheiro foi-lhe confiscada pelos agentes da ANR”, continua a ACPI.

A associação “condena estes atos abusivos contra os seus membros e exige que as autoridades competentes realizem as investigações cabíveis para localizar” Steve Wembi.

No seu comunicado, a ACPI disse que continua “preocupada com as ameaças e outras pressões exercidas há vários meses a correspondentes da imprensa internacional”.

As autoridades não deram nenhuma explicação para a detenção de Wembi.

A situação é atualmente tensa no leste da RDCongo, palco da violência de grupos armados há quase 30 anos, onde o ressurgimento do movimento rebelde M23 causou tensão renovada com o vizinho Ruanda.

Kinshasa acusa Kigali de apoiar o M23, o que Kigali nega.

No seu encontro semanal das segundas-feiras com a imprensa, o ministro das Comunicações e porta-voz do Governo, Patrick Muyaya, pediu aos jornalistas que “se mantenham focados no seu trabalho” e “evitem fazer o jogo do inimigo”.

A RDCongo ocupa o 125.º lugar (entre 180) na mais recente lista mundial de liberdade de imprensa estabelecida pela organização de defesa dos jornalistas Repórteres Sem Fronteiras (RSF).