A Polícia Rodoviária Federal (PRF) brasileira ignorou este domingo, dia das eleições, uma ordem do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ao realizar uma série de operações rodoviárias que criaram obstáculos a que milhares de eleitores exercessem o seu direito de voto. As operações levaram o presidente do TSE a chamar o diretor da PRF, Silvinei Vasques, para uma reunião de urgência em que lhe exigiu que pusesse fim imediato às operações. Após a reunião, o presidente do TSE acabou por garantir que — apesar dos transtornos e atrasos — nenhum eleitor deixou de ir votar devido às operações.

As ações incidiram sobretudo nos transportes públicos, particularmente em autocarros. De acordo com a Folha de São Paulo, até às 12h35 já tinham sido realizadas 514 ações de fiscalização em autocarros.

Este número representa um aumento de 70% face às abordagens registadas durante o dia 2 de outubro, quando decorreu a primeira volta.

O incidente está a ser encarado por algumas pessoas como uma tentativa de impedir eleitores de Lula da Silva de votarem; os transportes públicos são tradicionalmente utilizados pelas classes mais baixas, onde se concentram muitos dos votos do candidato do Partido Trabalhista.

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O diretor da PRF, Silvinei Vasques, esteve esta tarde no edifício do Tribunal Eleitoral para uma reunião com o presidente do TSE, Alexandre de Moraes, onde terá sido intimado a interromper as operações de fiscalização.

Presidente do TSE garante: Operações não impediram eleitores de votar

Ao final da tarde, em declarações à comunicação social, Alexandre de Moraes garantiu que nenhum eleitor foi impedido de exercer o seu direito de voto. O presidente do TSE assumiu que as operações atrasaram alguns cidadãos, mas que “em nenhum caso impediu os eleitores de chegarem às suas sessões eleitorais”.

Esses ónibus em nenhum momento retornaram à origem, ou seja, eles prosseguiram até ao destino final e os eleitores que estavam sendo transportados votaram.”

Moraes clarificou que tudo não passou de um “conflito” entre a indicação do Tribunal Eleitoral e uma ordem de serviço do PRF para que pudessem ser realizadas “operações com base no código de trânsito brasileiro”. De acordo com o presidente do TSE, Silvinei Vasques esclareceu que as ações de fiscalização incidiram apenas sobre autocarros que não tinham condições para circular. Os dados dizem, no entanto, que houve 514 ações de fiscalização.

Na reunião ficou ainda determinado que todas as operações cessassem. Alexandre de Moraes afirmou que a decisão foi tomada para garantir que os atrasos não impedissem o exercício do voto à medida que se aproximava o fecho das urnas.