A visita de António Costa à Web Summit estava marcada para as 18h00. O primeiro-ministro apareceu perto das 19h00 e, ao cumprimentar Paddy Cosgrave, CEO da feira tecnológica, pediu desculpa pelo atraso.

A menos de 24 horas da abertura, as obras continuam e muitos trabalham para deixar tudo pronto para esta terça-feira. É com o barulho de fundo das montagens e um colete de proteção que António Costa entra na Altice Arena. “Está vazio”, brincou ao chegar perto do palco principal, que ainda não tem qualquer plateia.

Para subir ao palco, o acesso estava perigoso e o primeiro-ministro não deixou de avisar os presentes de que era preciso “dar um salto” para conseguir passar por entre o buraco que separava os degraus e o chão que será pisado por alguns dos oradores mais importantes da Web Summit.

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A visita à Altice Arena e aos pavilhões da FIL foi feita com Paddy Cosgrave a explicar a estratégia deste ano, que passou pelo aumento de áreas exteriores para “tirar” as pessoas do interior”. “Lisboa tornou-se a cidade mais atrativa” do mundo, disse o empresário irlandês, que tem vindo a repetir esta frase ao longo da semana.

Ao longo do caminho existiu tempo para António Costa cumprimentar técnicos, perguntar sobre as obras e relembrar que este ano vão à Web Summit “startups de todo o país”. Quando chegou ao pavilhão onde está o stand da Startup Portugal, o primeiro-ministro tinha António Dias Martins, diretor executivo da aquela que é a “estratégia do Governo para o empreendedorismo”, para o receber.

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Após breves minutos de conversa sobre a montagem do stand que cerca de 70 mil visitantes poderão visitar nos próximos três dias, António Costa estava pronto para responder às perguntas dos jornalistas. “Como se vê está tudo a trabalhar a todo o vapor para amanhã [esta terça-feira] haver a abertura oficial com tudo pronto”, começou por dizer.

Esta parceria com Paddy Cosgrave para a realização da Web Summit tem ajudado a projetar Lisboa, tem ajudado a projetar Portugal (…) Este ano vai ser seguramente um sucesso, com 70 mil participantes e com a participação nacional sempre a crescer”, acrescentou o primeiro-ministro, que salientou que as startups portuguesas este ano “vão ter o maior número de participação” no evento desde 2016.

Apesar de a visita ser à Web Summit, as perguntas voltaram-se para o Brasil e a eleição de Lula da Silva, com quem António Costa falou e felicitou. “Acho que todos nós temos muitas saudades do Brasil e esta é uma nova oportunidade para nos reaproximarmos neste ano em que assinalamos os 200 anos da independência do Brasil, mas é também um momento de grande esperança para o mundo”, respondeu quando questionado sobre o que significa a eleição de Lula da Silva para as relações entre Portugal e o Brasil.

O compromisso do novo Presidente brasileiro para a “desflorestação da Amazónia” e a “contribuição que isso significa do Brasil para o combate às alterações climáticas” também foram destacados. “É seguramente uma vitória da democracia brasileira, mas é também uma vitória e uma esperança nova para o mundo”, declarou o primeiro-ministro, que se recusou a comentar o silêncio de Jair Bolsonaro após umas eleições que descreveu como “disputadas” e “renhidas”.

As portas de Portugal estão sempre abertas e o desejo que temos é que, havendo uma deslocação do Presidente eleito à Europa ainda antes da posse, se puder vir a Portugal teríamos muito gosto. Temos muitas saudades do Brasil, temos muitas saudades dele”, vincou.

António Costa também não escapou a questões sobre Miguel Alves, atual secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro, que fez um pagamento de 300 mil euros num negócio sem garantias quando era presidente da Câmara de Caminha. Garantindo que não comenta “obviamente” nenhum caso de justiça, o primeiro-ministro afirmou que “com certeza” mantém confiança política em Miguel Alves: “Com certeza, com certeza. Se não, não estaria membro do Governo”.

Secretário de Estado fez pagamento de 300 mil euros num negócio sem garantias quando era presidente de câmara

Não há nenhum membro do Governo que esteja em funções no qual eu não tenha confiança, isso é evidente”, acrescentou.

António Costa realçou a “total confiança nas instituições de Justiça” e disse que enquanto primeiro-ministro não lhe cabe a si comentar os assuntos que são desse departamento. “Quem for culpado, há-de ser condenado, quem for inocente, há-de ser considerando inocente”, salientou.

No final da visita, que durou cerca de 40 minutos e já depois de Costa se ter dirigido ao seu carro, um dos trabalhadores da obra da Web Summit deixou uma questão no ar quando passou pelo Observador: “O primeiro-ministro prometeu baixar o gasóleo?”.