António Costa utilizou a declaração na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas para deixar um alerta: “O drama da guerra na Ucrânia não nos pode desviar da urgência da resposta aos desafios das alterações climáticas.”

Mais do que isso, aos olhos do primeiro-ministro, a guerra só tem “mostrado quão necessário é acelerar a transição energética e diminuir a dependência dos combustíveis fósseis”, nomeadamente devido à “dramática escalada de preços na energia” que deixou “milhões em situação de pobreza energética”.

Perante dezenas de líderes mundiais, António Costa fez questão de dar Portugal como um “exemplo” na transição energética que permite o país ser “menos dependentes e mais seguros do ponto de vista energético”. “Não podemos recuar nos nossos compromissos.”

Ouça aqui o episódio do podcast “A História do Dia” sobre os falhanços das Conferências do Clima.

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Para continuar este caminho, o chefe do Executivo considera importante sair do Egito com uma “visão clara” e capaz de “obter resultados das questões da mitigação ao financiamento, passando pela adaptação e revisão das contribuições nacionais”, mas sublinha que o esforço tem de ser liderado pelos países desenvolvidos e pelos países grandes emissores

Admitindo que “Portugal não perde de vista os seus compromissos” e que as metas assumidas são “ambiciosas”, António Costa referiu que o país não só tem cumprido como se tem antecipado.

“Com a entrada em vigor, este ano, da primeira Lei de Bases do Clima, reforçamos o nosso objetivo de atingir a neutralidade carbónica até 2050, com o compromisso de estudar a viabilidade da sua antecipação até 2045”, frisou, realçando que desde Glasgow foi possível “antecipar em dois anos o encerramento das últimas centrais a carvão”, que, garantiu, já “deixaram de funcionar no ano passado” e não vão ser reativadas.

António Costa afirmou que as energias renováveis já representam “cerca de 60% da eletricidade consumida” e antecipou outro objetivo: “Queremos atingir os 80% até 2026.” O primeiro-ministro, em 2019, tinha apontado o mesmo número para 2030.

Em Sharm el-Sheikh, o chefe de Executivo português fez questão de referir que é preciso dar “respostas” aos problemas de África e lembrou que Portugal assinou um acordo de garantias de 400 milhões de euros, para apoiar o investimento nos PALOP, em setores prioritários tais como as energias renováveis.

E referiu que se pretende fazer mais: “No quadro da Estratégia da Cooperação Portuguesa 2030, que estamos a finalizar, teremos um pilar dedicado ao “Planeta” e iremos reforçar em 25% o apoio aos nossos parceiros da cooperação neste domínio.” “A gestão sustentável dos Oceanos é também central para a nossa resiliência às alterações climáticas”, sublinhou, frisando que é preciso investir em “políticas baseadas na ciência”.

Ainda sobre os incêndios rurais, que Costa disse ser uma “realidade dolorosa”, o primeiro-ministro afirmou que “se estima que 6% das emissões mundiais de CO2 (1,9BtonCo2) resultem de incêndios de causa humana” e que “m anos mais extremos, pode chegar a representar 20%.”