A Câmara de Bragança quer que o Governo atribua uma compensação financeira aos produtores de castanha pelas quebras na produção, que aponta “em média, superiores a 80%” devido à seca, divulgou hoje o município.
A tomada de posição, divulgada esta terça-feira pela autarquia, foi aprovada por unanimidade, em reunião de Câmara, na segunda-feira, para ser enviada ao Governo, presidente da República e entidades nacionais e regionais, nomeadamente organizações do setor.
O município faz uma exposição em que recorda a importância desta cultura agrícola na região de Trás-os-Montes, que concentra cerca de 85% da produção nacional de castanha, a maior parte nos concelhos de Bragança e Vinhais.
A somar às doenças que têm afetado o setor nos últimos anos, como a tinta, o cancro e a vespa-das-galhas-do-castanheiro, a autarquia argumenta que a seca extrema que se verificou no verão e a falta de chuva nos meses de setembro e outubro, acabaram por comprometer a campanha deste ano.
“Nesta data, é possível afirmar que a quebra da produção de castanha, nesta região, é superior, em média, a 80%, com evidentes perdas de rendimentos para os agricultores e famílias, acentuada pelo aumento exponencial dos custos energéticos, entre outros”, sustenta.
Pela “expressiva importância que a fileira da castanha tem para a Terra Fria do Nordeste Transmontano e para Portugal”, a Câmara de Bragança propõe ao Governo “medidas urgentes e muito concretas de apoio aos produtores de castanha”.
“Por exemplo, através do apoio financeiro direto, a título compensatório, tendo por base o diferencial entre a faturação desta campanha e a média aritmética dos últimos três anos”, concretiza.
A autarquia salienta que “a castanha é dos produtos agrícolas com maior potencial económico e rentabilidade na região de Bragança, representando o comércio, só do produto em fresco, um volume de negócios estimado em cerca de 100 milhões de euros”.
Refere ainda que a produção tem aumentado nos últimos anos e este produto agrícola “mantém um saldo muito positivo na balança comercial, com cerca de 80% da produção a ser exportada para países como Espanha, França, Itália e Brasil“.
As quebras na produção vão privar muitas famílias transmontanas daquele que é um suplemento económico numa região onde predomina a agricultura familiar.
A campanha deste ano está atrasada e em algumas zonas só agora está a começar a apanha da castanha quando num ano normal, nesta altura, estaria a terminar a campanha.
As organizações do setor têm dado conta de que permanece a incerteza relativamente aos resultados desta campanha, apesar de as quebras na produção serem evidentes nalgumas zonas.
O preço pago ao produtor aumentou atingindo os três euros e meio, quando em anos anteriores ficava pelos dois euros, porém a perspetiva é de que o aumento do preço não chegue para compensar as perdas na produção.