Três minutos de jogo e a bola entrou na baliza pela primeira vez no Campeonato do Mundo. Estrada aproveitou um erro colossal da defesa do Qatar, fez uma assistência acrobática e Valencia colocou o Equador a ganhar. Instantes depois, porém, o árbitro Daniele Orsato ouviu o VAR e anulou o golo por fora de jogo do equatoriano que fez o passe — na primeira demonstração da tecnologia que está implementada neste Mundial.

Qatar v Ecuador: Group A - FIFA World Cup Qatar 2022

No Qatar, a própria bola será a ferramenta definitiva para detetar posições de fora de jogo. Durante a partida, os jogadores serão observados por 12 câmaras instaladas no topo de cada um dos oito estádios do Mundial e a vigilância será permanente através da marcação de 29 pontos específicos do corpo de cada atleta — cerca de 50 vezes por segundo, algo que acaba por determinar a sua posição exata.

A explicação da tecnologia de fora de jogo que está implementada no Mundial do Qatar. (INFOGRAFIA: ANA MOREIRA)

Estas ferramentas, testadas pela FIFA tanto na última Taça Árabe como no último Mundial de Clubes e já utilizadas este ano pela UEFA na Supertaça Europeia e na Liga dos Campeões, permitiram estrear algo que tem sido interpretado como “fora de jogo semiautomático”. “Às vezes a decisão tarda nas jogadas mais difíceis. Queremos limitar o tempo e ser mais precisos, reduzir o erro humano”, explicou Pierluigi Collina, antigo árbitro internacional e líder da Comissão de Árbitros da FIFA.

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Adicionalmente, este Mundial conta também com outro elemento que elimina a margem mínima de erro: um sensor inercial que está instalado no centro da própria bola, batizada como Al Rihla. A bola, desenvolvida pela empresa alemã Kinexon e que possui uma bateria recarregável, vai enviar dados 500 vezes por segundo para precisar onde e quando é que cada toque no esférico está a acontecer. Todos esses parâmetros serão enviados e analisados na sala do VAR — tal como aconteceu já no jogo inaugural e no lance com Estrada.

A informação das câmaras e da bola vai então ser permanentemente misturada para detetar o fora de jogo de forma mais acertada — algo que, apesar de tudo, nunca será automático porque a última palavra pertence sempre ao VAR. Os árbitros responsáveis pela vídeoarbitragem recebem o resultado da tecnologia mas têm liberdade para comprovar manualmente cada lance através das imagens das transmissões televisivas antes de aconselharem o árbitro principal. Quando a decisão for definitiva, será criada uma animação 3D de toda a ação, com a marcação dos pontos específicos onde surgiu a infração, que vai aparecer nos ecrãs gigantes do estádio e na respetiva transmissão televisiva de cada jogo. Algo que, novamente, também já aconteceu este domingo.