Três minutos de jogo e a bola entrou na baliza pela primeira vez no Campeonato do Mundo. Estrada aproveitou um erro colossal da defesa do Qatar, fez uma assistência acrobática e Valencia colocou o Equador a ganhar. Instantes depois, porém, o árbitro Daniele Orsato ouviu o VAR e anulou o golo por fora de jogo do equatoriano que fez o passe — na primeira demonstração da tecnologia que está implementada neste Mundial.
No Qatar, a própria bola será a ferramenta definitiva para detetar posições de fora de jogo. Durante a partida, os jogadores serão observados por 12 câmaras instaladas no topo de cada um dos oito estádios do Mundial e a vigilância será permanente através da marcação de 29 pontos específicos do corpo de cada atleta — cerca de 50 vezes por segundo, algo que acaba por determinar a sua posição exata.
Estas ferramentas, testadas pela FIFA tanto na última Taça Árabe como no último Mundial de Clubes e já utilizadas este ano pela UEFA na Supertaça Europeia e na Liga dos Campeões, permitiram estrear algo que tem sido interpretado como “fora de jogo semiautomático”. “Às vezes a decisão tarda nas jogadas mais difíceis. Queremos limitar o tempo e ser mais precisos, reduzir o erro humano”, explicou Pierluigi Collina, antigo árbitro internacional e líder da Comissão de Árbitros da FIFA.
Adicionalmente, este Mundial conta também com outro elemento que elimina a margem mínima de erro: um sensor inercial que está instalado no centro da própria bola, batizada como Al Rihla. A bola, desenvolvida pela empresa alemã Kinexon e que possui uma bateria recarregável, vai enviar dados 500 vezes por segundo para precisar onde e quando é que cada toque no esférico está a acontecer. Todos esses parâmetros serão enviados e analisados na sala do VAR — tal como aconteceu já no jogo inaugural e no lance com Estrada.
VAR's look at why Enner Valencia's first goal for Ecuador was ruled offside ????#QATECU #FIFAWorldCup pic.twitter.com/3LiUNnxGsD
— YouWager.lv (@YouWager_FF) November 20, 2022
A informação das câmaras e da bola vai então ser permanentemente misturada para detetar o fora de jogo de forma mais acertada — algo que, apesar de tudo, nunca será automático porque a última palavra pertence sempre ao VAR. Os árbitros responsáveis pela vídeoarbitragem recebem o resultado da tecnologia mas têm liberdade para comprovar manualmente cada lance através das imagens das transmissões televisivas antes de aconselharem o árbitro principal. Quando a decisão for definitiva, será criada uma animação 3D de toda a ação, com a marcação dos pontos específicos onde surgiu a infração, que vai aparecer nos ecrãs gigantes do estádio e na respetiva transmissão televisiva de cada jogo. Algo que, novamente, também já aconteceu este domingo.
NEW: Semi-automated offside technology to be used at FIFA World Cup 2022. Full details on @FIFAcom. Here’s how it works ???? pic.twitter.com/qrDzjsXxph
— Bryan Swanson (@fifa_bryan) July 1, 2022