Um Presidente como nenhum outro antes dele — pela negativa. Foi assim que Bob Woodward, histórico jornalista do Washingon Post que ajudou a revelar o escândalo Watergate (que levaria à demissão do Presidente Richard Nixon), classificou a postura de Donald Trump, na sua participação na CNN International Summit, que teve lugar em Portugal esta segunda-feira.

“Já acompanhei como jornalista dez presidentes, de Nixon até Biden. E nunca ouvi um presidente dizer ‘Só eu é que sei'”, refletiu Woodward. “Quer sejam democratas ou republicanos — ou corruptos como Nixon — têm bom senso suficiente para perceberem que, sozinhos, não têm o monopólio da informação e da compreensão.”

O milionário, porém, tinha um entendimento diferente, afirmou o jornalista, autor dos livros Medo (ed. Dom Quixote) e Rage (sem edição em português) sobre a administração Trump. E esse entendimento não se coaduna com uma democracia como a americana, diz, onde “os poderes estão separados”. “Não temos um Rei”, sentenciou.

Woodward diz que estas são as principais conclusões que retirou das 20 entrevistas que realizou ao antigo Presidente e que foram em outubro publicadas em formato de audiolivro. Nelas, Trump admite gostar de alguns autocratas como Vladimir Putin e reconhece que entendeu a gravidade da crise de Covid-19 muito antes de o assumir em público.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

As conversas de Trump e Bob Woodward, agora em audiolivro: “Entendermo-nos com a Rússia é uma coisa boa, não é uma coisa má, certo?”

Na passagem por Portugal, o jornalista do Washington Post refletiu sobre essas entrevistas, que considerou serem surpreendentes pelas piores razões. “Os nossos netos vão ler sobre isto, ouvir aquelas gravações e dizer para si próprios ‘Como é que isto pôde acontecer nos EUA?'”, afirmou.