Sustentabilidade, Digital, Saúde e Paz
Foram as palavras de ordem deste dia totalmente dedicado à liderança e ao futuro. As boas-vindas foram dadas por Filipe Vaz, Diretor-Geral da Tema Central, e por Miguel Pinto Luz, Vice-Presidente da Câmara Municipal de Cascais. E em ambos os discursos, a necessidade da tomada de ação foi o alerta dado. “Estes são os tempos difíceis, são os tempos em que os líderes nascem. Mas são também tempos em que as lideranças passadas são julgadas, avaliadas. E é bom que isso aconteça. Hoje temos mais uma wake-up call e esperamos que as lideranças europeias estejam à altura do desafio, face a tudo o que se passa. São tempos difíceis para a Europa, para os estados, para as empresas e, claro, para as pessoas. Ser líder, hoje, é difícil, mas nunca impossível.”, foi a mensagem deixada pelo Vice-Presidente da Câmara Municipal de Cascais.
Mote para o resto do dia deixado em aberto, foi a altura de passar para a primeira etapa desta Cimeira: Act Now For Peace. Aqui, o tema da guerra tomou um lugar de destaque e foi mencionado em todas as intervenções. A primeira foi feita por David Simas, Presidente da Fundação Obama, com o tema “A paz enquanto desafio para todos os líderes”. “O que podemos fazer, não só enquanto líderes, mas enquanto indivíduos?”, começou por dizer, acrescentando em seguida: “Nunca podemos presumir que lideramos qualquer ser humano, se antes não nos liderarmos a nós mesmos. Leadership of Self. A capacidade de nos colocamos no lugar do outro e compreendermos a sua perspetiva. Compreender os outros é uma peça fundamental em qualquer liderança. Respeito. Isso é liderança. Isso é paz”.
“A guerra que colocou as lideranças da Ucrânia à prova” foi o tema seguinte e deu lugar a uma entrevista a Serhiy Haydaychuk, Presidente do CEO Club Ucrânia, moderada pelo jornalista, e Host da Cimeira, João Póvoa Marinheiro. Aqui, ideias como o futuro e a necessidade de dar propósito às pessoas em tempos difíceis, foram alguns dos pontos-chave. Antes do primeiro Coffee Break do dia, sobrou ainda tempo para uma mesa redonda, que contou com a moderação de Aline Hall de Beuvink, Professora e Comentadora, e a participação de António Saraiva, Presidente da CIP, Helena Ferro de Gouveia, Professora Universitária e Analista de Assuntos Internacionais na CNN, Felipe Pathé Duarte, Investigador e Professor na Nova School of Law e Ana Gomes, Diplomata.
Com o mote “A mudança necessária para restabelecer a ordem política e económica no mundo”, as reflexões de todos foram no sentido de se perceber como sair da crise em que o país se encontra – tanto filosófica, cultural, económica, política – de forma a se chegar a um nível de paz. As conclusões são difíceis de obter, mas por muito que as opiniões divergissem em alguns pontos, a mensagem final foi inequívoca: a mudança é, de facto, o único caminho possível.
Depois da paz, foi então altura de passar à segunda fase, a da Sustentabilidade. “Preparando o futuro, impactando a sociedade” foi a primeira talk deste tema, conduzida por João Mestre, Head of Sustainability na Fidelidade. Em seguida, foi dado palco à segunda mesa redonda do dia, moderada pela jornalista Catarina Canelas, e com a participação de Luís Almeida Capão, Presidente do Conselho de Administração da Cascais Ambiente e Ana Loureiro, Diretora de Comunicação da EGF. Aqui, o debate deteve-se sobre a questão da biodiversidade e a presença cada vez maior dos resíduos, bem como do seu impacto.
E porque a sustentabilidade de uma empresa é também a sustentabilidade de uma liderança, foi altura de colocar o futuro em cima da mesa, numa entrevista com Gregoire Verdeaux, Senior Vice President External Affairs da Philip Morris International. Sustentabilidade, Inovação e Transformação: agir por um futuro melhor, foi o pontapé de partida para a conversa.
Há mais de 25 anos a ONU lançou um apelo à indústria do tabaco para que tudo fizessem para reduzir a nocividade dos produtos de tabaco. Na Philip Morris International levámos esse repto a sério,
afirmou o Vice-Presidente, continuando: “Desde então, comprometemo-nos a construir um novo legado, colocando a saúde, a ciência, a inovação, a tecnologia e a sustentabilidade no centro da nossa estratégia de negócios, com o intuito de desenvolver produtos e soluções que procuram melhorar a vida das pessoas e impactar positivamente a sociedade, indo para além do tabaco e da nicotina. Em 2016, anunciámos querer substituir os cigarros por melhores alternativas, sem combustão, para que todos os fumadores que, de outro modo continuariam a fumar, pudessem vir a optar por produtos alternativos, devidamente substanciados por evidência científica, e menos nocivos. E é desta forma que, através da inovação e da sustentabilidade, nos temos transformado”.
Apresentar aos consumidores uma alternativa menos nociva é o objetivo da empresa. E para Gregoire Verdeaux, é necessário fazer um compromisso com a realidade, colocando o consumidor no centro de tudo.
Temos de tornar as coisas mais fáceis para o consumidor. Ele precisa de saber que existe uma melhor alternativa. É sempre sobre as pessoas e nunca sobre o produto. Enquanto empresa, o nosso objetivo principal é substituir os cigarros por alternativas cientificamente substanciadas como sendo menos nocivas, o mais rapidamente possível. A nossa ambição é que os produtos sem fumo possam representar mais de 50% das receitas líquidas até 2025 e que, também nesse ano, pelo menos 40 milhões de fumadores adultos tenham mudado para estes produtos. Acredito que estamos no caminho certo para atingir estes objetivos.
Portugal foi um país exemplo durante toda a conversa. A mudança de cigarros para outras alternativas já é aqui uma realidade e cerca de 400 000 fumadores adultos já fazem parte das estatísticas de mudança.
Com o tempo a chegar ao fim, foi então altura de se falar de futuro. “A nossa convicção é que, com o devido enquadramento regulamentar e com o apoio da sociedade civil, é possível que, em muitos países, deixemos de vender cigarros em 10 a 15 anos”, reforçou o Vice-Presidente, finalizando em seguida: “É um teste à nossa habilidade para saber lidar com a inovação. Acredito que somos um exemplo de transformação de negócio com apoio da ciência e da inovação, sempre com a sustentabilidade como proposta para um mundo melhor”.
A parte da tarde da cimeira foi dedicada aos dois temas que faltavam: o Digital e a Saúde. O primeiro começou com a talk de Christian Rôças, CEO da Porta dos Fundos, e terminou com a mesa redonda “Como colocar o mundo digital ao nosso serviço e não contra nós?”, moderada por Pedro Duarte, Presidente do Conselho Estratégico para a Economia Digital da CIP e que contou com as intervenções de Cristina Rodrigues, CEO da Capgemini, Abel Aguiar, Administrador da Microsoft e Carlos Santos, CTO da Zome.
Por fim, mas não menos importante, foi altura de fechar a tarde, dando palco à Saúde. O filósofo Manuel Curado foi quem iniciou o tema, com um discurso impactante sobre Superpaternalismo Político: Uma Agenda para o Estado que Cuida, dando depois espaço para o último debate do dia, com o tema “O bem-estar como estilo de vida é uma utopia?”. Aqui, a conversa contou com a presença de José Miguel Leonardo, CEO da Randstad, Vera Rodrigues, Head of People da MC, Rita Fontinha, Investigadora e Professora na Henley Business School da Universidade de Reading, Tiago Correia, Professor de Saúde Internacional no IHMT-NOVA, e com a moderação da jornalista Catarina Rodrigues. O papel dos líderes numa manutenção da saúde laboral foi o mote dado para a conversa.
Debates concluídos, conversas terminadas e intervenções feitas com sucesso, chegou então a altura de ouvir Philip Zimbardo, Professor Emérito na Universidade de Stanford, com uma mensagem de esperança, mas acima de tudo de ação. “A nossa ação deve ser sempre focada em como posso ajudar outra pessoa. Um bom líder faz contacto de diversas formas com todos na sua empresa. Isto é realmente crítico para os líderes”, reforçou.
Numa conversa sobre heróis, a conclusão foi óbvia: “Os heróis entram em ação”. E aqui, depois de um dia em cheio, ficou a certeza de que se o tempo para agir existe, esse tempo é agora.