Ainda antes da bola começar a rolar, uma boa parte dos fãs de futebol estava de olhos postos nos “Falcões Verdes” de Hervé Renard. A Arábia Saudita chegava a esta 2ª jornada depois da vitória que deixou os adeptos boquiabertos: o triunfo (2-1) sobre a Argentina. E o selecionador francês da Arábia Saudita optou por um 4-5-1, que facilmente se desdobrava em 4-3-3 com o apoio de Al-Dawsari e Al-Buraikan ao avançado Al-Shehri. Na outra metade do relvado, apresentava-se não só a Polónia, vinda de empate (0-0) contra o México, mas também a incerteza daquilo que a seleção orientada por Czeslaw Michniewicz tinha para apresentar neste Campeonato do Mundo. Alinhada em 5-3-2, as duas armas polacas apontadas à baliza adversária eram Arkadiusz Milik (da Juventus) e Robert Lewandowski (do Barcelona).

Assim que o árbitro brasileiro Wilton Sampaio fez soar o apito, cedo se percebeu que o jogo no estádio Education City, em Al Rayyan, ia ser intenso. Vários ataques praticamente sempre pela mesma seleção: a Arábia Saudita. O conjunto asiático estava totalmente dominador na partida, com o primeiro lance de real perigo (13′) a estar nos pés de Mohamed Kanno. A equipa saudita controlava o jogo mas a máxima “quem não marca, sofre” acertou em cheio na turma de Hervé Renard. No seu primeiro remate enquadrado (aos 39′), a Polónia marcou. Lance que teve início ainda na área de Szczesny, bola até ao corredor direito do ataque, passe para Lewandowski que trabalha bem dentro da área e serve atrasado para a finalização de Piotr Zieliński. Depois do golo, o jogo continuou na mesma senda. Arábia Saudita a ser superior, Polónia a aguentar como podia. Bem perto do intervalo, ocasião capital para a seleção asiática. Krystian Bielik comete pontapé de penálti (só assinalado com recurso ao VAR) e Al-Dawsari é chamado a bater. O herói do jogo frente à Argentin passou a ser vilão, mas muito por culpa de Szczesny, que não só defende o penálti como também a recarga de Al Burayk. Duas intervenções ao mais alto nível!

Na segunda parte, muitos foram os que acreditaram que se ia ver novamente o “efeito” Hervé Renard nos jogadores sauditas (a palestra ao intervalo frente à Argentina, quando também perdiam por 1-0, correu o mundo). A Arábia Saudita continuava mais forte no jogo, mas não conseguia ultrapassar o guardião adversário (defesa apertada aos 54′). À passagem do minuto 60, eis que finalmente surge uma reação polaca. Primeiro com Milik à barra (61′) e depois por Lewandowski ao poste (65′). Em duas ocasiões, duas bolas polacas aos ferros sauditas. A Arábia Saudita não se assustou, voltou à carga, mas foi novamente a Polónia que, no segundo remate enquadrado com a baliza de Al Owais, chegou ao golo. Perda de bola de Al-Malki, em zona proibida, para Lewandowski, que isolado não perdoou. A Polónia chegava ao 2-0, naquele que foi o primeiro golo de Lewy em fases finais de um Mundial (76 golos depois). Ainda houve tempo para o avançado do Barcelona quase bisar (89′) – valeu a defesa de Al Owais.

Caso tivesse triunfado, a Arábia Saudita seria a primeira seleção a passar à próxima fase desta edição do Campeonato do Mundo. Terminou com 16 remates (5 enquadrados), face aos 7 remates polacos (dos quais 3 enquadrados). A derrota saudita deixa as contas deste Grupo C bem mais animadas, com seleções como a campeã do mundo França e a Dinamarca ainda a terem uma palavra a dizer.

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A pérola

  • Hervé Renard. Apesar da derrota, o destaque vai (uma vez mais) para o futebol apresentado pelo conjunto saudita. Ideias de jogo muito positivas, com claras intenções de chegar até à baliza adversária. Novamente fica claro que o treinador francês sabe muitíssimo bem da matéria-prima que dispõe e como utilizá-la. Hoje, faltou eficácia.

O joker

  • Wojciech Szczesny. O nome do guarda-redes polaco pode parecer difícil de pronunciar, a exibição é mais fácil de avaliar. Encheu a baliza. Fez 4 defesas de alto nível, duas das quais a um penálti e respetiva recarga. Se a Polónia era favorita à entrada para este jogo, o herói improvável acabou por ser mesmo o guardião polaco.

A sentença

  • O que fica deste jogo, é a certeza de que a Arábia Saudita tem credenciais para ainda discutir o acesso aos oitavos-de-final frente à Dinamarca no último jogo, mesmo que não dependa de si própria. Quanto à Polónia ficou mais próxima de também poder conseguir esse apuramento, mas precisa claramente de melhorar o seu fio de jogo.

A mentira

  • A mentira é o resultado final deste jogo. Quem não tenha assistido, facilmente pensa que um 2-0 para a Polónia foram favas contadas. Mas não. A Arábia Saudita dispôs mais do que oportunidades para terminar com 1 ou até 3 pontos na bagagem. Ficou vazia.