Foi há dois anos que a primeira folha A4, uma página completamente branca, foi levantada no ar. É, pelo menos, o primeiro registo que existe na imprensa. Foi em Hong Kong, a 1 de julho de 2020, e esse gesto está agora a ser replicado na China, onde a vaga de protestos ganhou o nome de “revolução do papel branco” ou “revolta A4”.
Em Hong Kong, as manifestações eram contra as rigorosas Leis de Segurança Nacional de Pequim. A jovem manifestante explicou a sua escolha aos jornalistas: com o aumento da censura, e com as penas pesadas a que poderia ser condenada, já não sabia o que era ilegal escrever. A escolha óbvia foi levantar um papel branco no ar. No fundo, ela sabia o que lá estaria escrito.
É isso que está a acontecer desde sexta-feira em várias cidades da China. Mesmo fora do país, a comunidade chinesa, em solidariedade com os protestos, tem saído às ruas em Londres, Dublin, Amesterdão ou Paris, assim como em Toronto e em algumas cidades norte-americanas.
Protests in China are not rare. What *is* rare, are multiple protests over the same issue, at the same time, across the country. The protest below, apparently in central Beijing’s liangmaqiao, is astounding #China #protests pic.twitter.com/UHJCqqF1YG
— Tom Mackenzie (@TomMackenzieTV) November 27, 2022
As autoridades chinesas, pela voz do porta-voz do ministro dos Negócios Estrangeiros, acusam “forças com segundas intenções” de fomentar a revolta da população, procurando ligar a morte de várias pessoas num incêndio com as restrições que o regime chinês impôs contra a Covid-19.
Esse incidente fez aumentar a intensidade dos protestos contra as medidas de contenção do coronavírus.
انقلاب ملی ایران الهام بخش آزادیخواهان شده؛ از افکار عمومی غرب تا مردم معترض در چین.
شما با انقلابتون برای چینیها نمونهاید.
با توجه به شباهتهای سیستم سرکوب در دو کشور، مدلهای اعتراض در چین میتونه مفید باشه.
کارزارها و اخبارشون رو دنبال کنیدهشتگ????????#ChinaProtests#مهسا_امینی pic.twitter.com/dQAVpDFlHb
— Pouria Zeraati (@pouriazeraati) November 27, 2022
Entre os muitos vídeos que circulam nas redes sociais, um deles mostra o edifício onde aconteceu o incêndio na região chinesa de Xinjiang, a 24 de novembro, e que terá feito pelo menos 10 vítimas mortais. Nas imagens, vê-se que as portas estão trancadas, o que impediu as pessoas de conseguirem escapar do fogo. Nenhuma das imagens ou vídeos que circula têm a sua veracidade confirmada pelas autoridades chinesas.
In case you wonder what caused the sudden anger in China, it was viral videos like this.
10 ppl died in a high-rise fire in Urumqi because they weren’t able to get out of their apartments due to lockdown measures.
Firefighters couldn’t reach them either.#ChinaProtests #China pic.twitter.com/X23SSaXn3G
— Gazetteer News (@gazetteernews) November 27, 2022
Outro vídeo que não pára de circular é o que mostra a detenção de um jornalista da BBC durante os protestos.
For those wondering, a BBC journalist who was beaten and roughly detained during the ongoing #chineseprotests in Shanghai, is Edward Lawrence @EP_Lawrence. Seen here, he’s heard calling out to ‘call the consulate’. #ChinaProtests https://t.co/H3KLFgFFt3
— Pyotr Kurzin (@PKurzin) November 28, 2022