Estava prometido que, agora sob a alçada da Stellantis, o futuro da Lancia passaria por mudar radicalmente o estado de apatia em que se encontra o construtor italiano, confinado que esteve durante anos a fio ao mercado doméstico e a vender apenas um modelo (barato), o Ypsilon. E esta segunda-feira, com a realização do Lancia Design Day, foi dado o primeiro passo para encetar a nova era da marca com a revelação do seu novo logótipo e, mais do que isso, com um vislumbre do que aí vem, em termos de estilo.

Na estratificação das diferentes insígnias do universo Stellantis, à Lancia está reservado um lugar no mesmo patamar da Alfa Romeo e da DS Automobiles, ou seja, visando um posicionamento premium. Para levar a cabo a essa missão, o grupo liderado pelo português Carlos Tavares entregou o comando da marca a Luca Napolitano, que antes da fusão da PSA com a Fiat Chrysler Automobiles liderava a Fiat e a Abarth. No passado, Napolitano já tinha assumido que a nova Lancia vai ter como referência nada mais nada menos que a Mercedes. Agora, no Lancia Design Day, o italiano foi mais longe e garantiu que “a Lancia voltará a ser uma marca desejável, respeitada e fiável no mercado europeu premium”.

O início dessa “renascença” foi assinalado com a revelação do novo logótipo da marca, que vai substituir o que conhecemos desde 2010. É certo que já passou mais de uma década, mas ainda vai ser preciso esperar um pouco mais. Isto porque o novo emblema, o oitavo nos 116 anos de história da Lancia, destina-se a ser exibido no próximo Ypsilon, no novo porta-estandarte da marca (um SUV do segmento D com 4,6 metros de comprimento) e no futuro Delta, cuja chegada ao mercado está prevista para entre 2024 e 2028, ao ritmo de um novo lançamento a cada dois anos. Expectavelmente, com um crescente grau de electrificação, pois o objectivo da Lancia é comercializar apenas e só veículos eléctricos em 2028. Para tal, a marca já está a lançar as bases de um modelo de distribuição em que a componente física  – “100 novos e exclusivos showrooms na Europa e uma selecção de parceiros em Itália” – se destina a complementar um esquema de vendas virado para as compras online.

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Caberá ao novo Ypsilon estrear o logótipo agora revelado, que entretanto vai também actualizar a nova identidade corporativa da Lancia, inclusivamente a imagem dos concessionários até ao início de 2024. Preparando, justamente, a chegada do Ypsilon da nova era da Lancia que, além de exibir o novo lettering da marca, inspirado na moda, alinha pela tendência da sustentabilidade. Segundo a Lancia, “50% das superfícies de contacto ao toque no habitáculo serão ecológicas”. Garantido fica também que o futuro modelo vai recuperar parte do Stratos, mais concretamente os faróis traseiros redondos, tal como nos foi dado a ver na escultura Lancia Pu+Ra Zero, que materializa a nova linguagem de design do fabricante “para os próximos 100 anos”. Aspirando ser simultaneamente pura e radical, daí a expressão “Lancia Pu+Ra Design”, a nova linguagem estilística promete uma evolução audaz, mas sem perder a ligação ao passado, nomeadamente a modelos emblemáticos como o Aurelia, o Flaminia, o Stratos e o Delta. Pelo menos, a avaliar pelo curioso cruzamento artístico dos três novos Lancia a lançar entre 2024 e 2028.

Por mais estranho que lhe pareça, atente na frente deste “manifesto tridimensional” e repare na forma como reinterpreta a grelha histórica da marca. O cálice que passa a “projectar-se para o futuro através de três raios de luz” não é um mero exercício de estilo, vai mesmo passar a fazer parte da nova “cara” da Lancia, surgindo nos três novos modelos que estão na calha.