A deslocação foi mantida no segredo dos deuses até se encontrar de novo em local seguro (e não identificado). Só após esse movimento o palácio de Buckingham confirmou, este sábado, que a coroa de Santo Eduardo, peça chave na coleção de joias da Coroa britânica, foi retirada da Torre de Londres de forma a ser ajustada nas suas dimensões e poder ser usada na cerimónia de coroação, a 6 de maio, por Carlos III.
The King will be crowned with St Edward’s Crown during the Coronation Service at @Wabbey on 6 May 2023.
Made for King Charles II in 1661, the Crown has been removed from the Tower of London to allow for resizing work to begin ahead of the Coronation.
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— The Royal Family (@RoyalFamily) December 3, 2022
A peça atual, que será um dos muitos focos de atenção na abadia de Westminster na próxima primavera, foi concebida para o rei Carlos II em 1661. Semelhante em aparência ao modelo original (difere nos arcos barrocos) é feita em ouço maciço, tem 30 centímetros de altura, pesa 2,23 quilos, e exibe na sua decoração 444 pedras preciosas e semi preciosas. Substituiu a coroa medieval que foi derretida após a execução do pai do então monarca, em 1649, e deve o seu nome a Eduardo, o Confessor, o santo real do século XI e penúltimo rei anglo-saxão de Inglaterra.
Facto é que, após 1689, a coroa de Santo Eduardo de 1661 não foi usada na coroação de nenhum soberano ao longo de mais de 200 anos. O regresso a esta peça verifica-se apenas em 1911, com Jorge V, tendo seguido o seu trajeto desde então. Em 1953, Isabel II adere à utilização de uma imagem mais estilizada desta joia, que foi usada em brasões de armas e outras insígnias nos reinos da Commonwealth.
O que esperar da coroação do Rei Carlos III em 8 pontos chave
Habitualmente em exibição pública na Jewel House na Torre de Londres, a coroa de Santo Eduardo irá inscrever-se numa cerimónia que deverá incluir todos os elementos que compõem o serviço tradicional, seguindo uma estrutura com mais de mil ano. No entanto, os ecos do presente século far-se-ão escutar, a começar desde logo pelo formato e duração da coroação, que se prevê em menor escala e também bastante mas curta (por volta de uma hora) do que a anterior (que durou três horas).
Recorde-se ainda que Carlos III só usará esta peça no momento em que for coroado. Quando abandonar a abadia, o Rei estará a usar uma versão mais moderna, a não menos célebre Coroa do Estado Imperial, também utilizada em ocasiões como a abertura do parlamento. Criada em 1937 para a coroação do rei George VI, o pai de Isabel II, distingue-se entre outros aspetos pelos seus mais de 2 mil diamantes.