A atriz Kirstie Alley, que ganhou um Emmy e um Globo de Ouro pelo seu papel na série televisiva “Cheers” e foi protagonista em filmes como “Olha Quem Fala”, morreu aos 71 anos.
A notícia da morte da atriz norte-americana foi partilhada pelos filhos, True e Lillie Parker, na rede social Twitter, que explicaram que a artista tinha um cancro que só fora descoberto recentemente. “Esteve rodeada da família mais próxima e lutou com grande força, deixando-nos com a certeza da sua incessante alegria de viver e das aventuras que estão por vir. Tão icónica quanto no ecrã, era uma mãe e avó ainda mais incrível”, acrescentaram, numa publicação na rede social Twitter.
— Kirstie Alley (@kirstiealley) December 6, 2022
O empresário de Alley, Donovan Daughtry, confirmou a morte da atriz num e-mail enviado à Associated Press (AP).
Alley, com uma carreira de atriz de quatro décadas, foi catapultada para a fama ao desempenhar o papel de Rebecca Howe ao lado de Ted Danson em “Cheers”, a aclamada série televisiva sobre um bar de Boston, de 1987 a 1993. A série, transmitida nas décadas de 80 e 90, teve 11 temporadas.
Alley começou a trabalhar na série no auge da popularidade de “Cheers”, na altura para substituir Shelley Long no elenco. A personagem Rebecca Howe conquistou os fãs e Alley ficou no elenco até ao final da série, em 1993. Ainda em 1989, teve destaque no grande ecrã ao interpretar na comédia “Olha Quem Fala” a mãe de um bebé cujos pensamentos íntimos eram expressos por Bruce Willis.
Mas foi mesmo a personagem no programa de culto da NBC que lhe valeria alguns dos prémios mais ilustres do entretenimento norte-americano. A personagem de “Cheers” valeu-lhe um Emmy de melhor atriz principal numa série de comédia em 1991. No mesmo ano, arrecadou também um Globo de Ouro pelo trabalho na mesma série. Alley ganhou um segundo Emmy de melhor atriz principal numa minissérie ou filme para televisão em 1993, por “David’s Mother”, onde interpretou uma mãe que cria sozinha o filho autista.
Kirstie Alley não se afastou da televisão com o passar das décadas. Entre 1997 e 2000, teve um papel na série “Veronica’s Closet”, mais uma vez na NBC. O papel de uma líder de uma empresa de lingerie valeu-lhe uma nomeação ao papel de melhor atriz de comédia nos Globos de Ouro de 1998.
A página do IMDB da atriz apresenta um total de 76 créditos nas qualidades de atriz e produtora.
Alley nasceu a 12 de janeiro de 1951, em Wichita, no Kansas, onde foi criada numa família católica. Foi aí que andou também na universidade, abandonando o curso para se tornar uma decoradora de interiores, nota o New York Times. Mais tarde, lutou contra as drogas, sendo pública a dependência que tinha da cocaína.
Quando se mudou para Los Angeles, ingressou no program Narconon, ligado à Igreja da Cientologia. Estávamos em 1979 e, ao longo dos anos, a atriz foi um dos rostos de Hollywood mais associados a esta controversa religião, além de nomes como Tom Cruise ou John Travolta. Em entrevista em 1997, Alley dizia que a Cientologia lhe “tinha dado muitas respostas”.
Foi também notícia ao longo dos últimos anos por algumas polémicas, nomeadamente pelas críticas à comunidade LGBTQ+. Em 2020, criticou a Academia dos Óscares pela abordagem à diversidade. Na altura, tornou-se público que os candidatos à categoria de Melhor Filme tinham de ter a diversidade em conta. “Isto é uma desgraça para os artistas em todo o lado. Conseguem imaginar dizer ao Picasso o que tinha de pintar? Estão a perder a cabeça. Controlem os artistas, controlem o pensamento individual… Oscar Orwell”, escreveu na altura no Twitter, numa referência ao escritor George Orwell, autor do livro “1984”.
Mais tarde, Alley apagou este tweet, explicando que fez uma “analogia pobre e que não representava o seu ponto de vista.” “Sou 100% apoiante da diversidade, inclusão e tolerância”, explicou em 2020, mas demonstrou que se opõe “a percentagens arbitrárias obrigatórias ligadas à contrtação de humanos em qualquer negócio”.
I deleted my first tweet about the new rules for best movie OSCARS because I feel it was a poor analogy & misrepresented my viewpoint. I am 100% behind diversity inclusion & tolerance. I’m opposed to MANDATED ARBITRARY percentages relating to hiring human beings in any business.
— Kirstie Alley (@kirstiealley) September 9, 2020
Alley era também uma apoiante de Donald Trump, justificando que votou no empresário “porque não era um político”.
Colegas de elenco de “Cheers” destacam o talento cómico de Alley
As reações à morte de Kirstie Alley, incluindo dos antigos colegas de elenco de “Cheers”, não se fizeram esperar. À revista People, Ted Danson, que interpretou Sam Malone, o dono do bar da clássica sitcom, destacou o talento da atriz. “Estava num avião hoje e fiz algo que raramente faço. Vi um antigo episódio de ‘Cheers’. Era um dos episódios onde o Tom Berenger pede a Kirstie em casamento, que continuava a dizer que não, embora desesperadamente quisesse dizer sim. A Kirstie foi realmente brilhante [nesse episódio]”, disse Danson. “A sua capacidade para interpretar uma mulher à beira de um colapso nervoso tinha tanto de comovente como de histericamente hilariante. Fez-me rir há 30 anos quando gravámos essa cena e hoje — da mesma forma. Quando saí do avião, ouvi que a Kirstie tinha morrido”, é possível ler no comentário do ator.
“Estou triste e tão agradecido por todas as vezes que me fez rir. Envio amor aos seus filhos. E, como eles sabem, a mãe tinha um coração de ouro. Vou ter saudades dela.”
RheaPerlman, que interpretou a empregada de mesa Carla Tortelli na série, descreveu Alley “como uma pessoa única e uma amiga maravilhosa”, também num comunicado enviado à People. “Tornámo-nos amigas quase instantaneamente quando ela se juntou ao elenco de ‘Cheers’”, partilhou, dizendo que estava “agradecida por ter conhecido” KirstieAlley.
No Instagram, John Travolta, que contracenou com Alley em “Olha Quem Fala”, partilhou uma foto da atriz e escreveu que tinha “sido uma das relações mais especiais” que já teve e que sabe “que um dia ainda se vão encontrar”.
(Atualizada às 10:26 com reações)