Évora, Portalegre e Santarém. O mau tempo da madrugada desta terça-feira não afetou apenas Lisboa, tendo-se estendido para outras regiões do país, nomeadamente no baixo Alentejo.
“Inundações até ao teto”: o cenário em Campo Maior
Em Campo Maior, no distrito de Portalegre, o cenário contou com zonas “completamente alagadas” e com inundações em habitações, em algumas “quase até ao teto”, em garagens e em vias públicas ou automóveis submersos. Contactada pela agência Lusa, a mesma fonte da Câmara de Campo Maior explicou que “caiu uma chuvada tremenda” na zona, o que provocou “muitas inundações”.
Nas redes sociais, circularam várias fotografias sobre as inundações desta terça-feira na vila de Campo Maior, respeitando uma delas ao Largo da Alagoa, em que se vê um mar de água barrenta, quase a chegar ao topo dos arcos das ruas e às varandas, com automóveis praticamente submersos.
[Mau tempo] Em Campo Maior, no distrito de Portalegre, a zona baixa da vila ficou esta terça-feira alagada e várias casas foram inundadas, algumas com água até ao teto, segundo a Câmara Municipal, que prevê acionar o Plano Municipal de Emergência de Proteção Civil.
????: Lusa pic.twitter.com/smmyU6Uwca— Agência Lusa (@Lusa_noticias) December 13, 2022
“Esse é um largo em que a água chegou quase ao teto das casas e há garagens completamente submersas. A coisa complicou-se esta noite, complicou-se bastante”, disse fonte da Câmara.
De acordo com a fonte, a câmara ainda está a “apurar todos os estragos”, mas não tem registo de vítimas, embora admita que possa haver pessoas que “não deverão conseguir ficar em casa”, devido à água que entrou nas habitações”.
O mau tempo provocou também vários prejuízos no concelho de Monforte, segundo disse à Lusa o presidente do município, Gonçalo Lajem, que classificou a situação como “caótica”. “Em Monforte está uma situação absolutamente caótica desde as 04h00. Nós temos várias estradas cortadas, vários colapsos de estradas, pontões e muros”, afirmou.
O autarca, que sublinhou que “não há vítimas nem desalojados”, indicou ainda que há registo de várias inundações em casas, nomeadamente nas freguesias rurais de Vaiamonte, Santo Aleixo e no lugar de Prazeres. “Há muitos prejuízos, vamos avaliar melhor nas próximas horas”, acrescentou.
A situação obrigou a que câmara de Campo Maior tivesse de acionar o Plano Municipal de Emergência de Proteção Civil, na sequência dos prejuízos causados nas últimas horas pelo mau tempo.
Estradas colapsaram entre Monforte e Fronteira
O autarca, também em declarações à agência lusa, indica que as chuvas fizeram verdadeiras “crateras no meio” de três estradas no concelho, as quais ficaram “completamente colapsadas” nesses troços. Estas estradas “estão cortadas ao trânsito” porque foram “cortadas literalmente” pela força da água, sublinhou.
Segundo o autarca, as vias que colapsaram no concelho são a Estrada Nacional 243 (EN243) e a Estrada Municipal com a mesma designação (EM243) que ligam Monforte ao concelho de Elvas, assim como a EM506 que faz a ligação da sede de concelho à freguesia de Santo Aleixo.
Apontando a necessidade de uma intervenção nestas vias “o quanto antes”, o presidente da Câmara de Monforte considerou “impensável” que as três estradas fiquem fechadas à circulação rodoviária “mais do que três semanas”.
Monforte, distrito de Portalegre 13 de Dezembro de 2022 pic.twitter.com/1qXBUmL59l
— velix (@sou_o_velez) December 13, 2022
Foros de Mocho. A aldeia “isolada” de Montargil
A aldeia Foros de Mocho, no distrito de Portalegre, encontra-se completamente isolada. A ponte de acesso à pequena localidade, com cem habitantes, corre o risco de desabar após ter sido afetada pelo mau tempo desta terça-feira.
De acordo com a CNN Portugal, desde a manhã deste dia, que a GNR montou um diapositivo que impede a passagem, de forma a evitar mais danos. Apenas carros em situações urgentes e excecionais podem sair da aldeia, então todo o resto da população desta zona do Alto Alentejo encontra-se isolada.
A infraestrutura está sob as águas da barragem de Montargil e conecta a Estrada Nacional 2 à localidade de Foros de Mocho e segundo os serviços técnicos da autarquia, está a ser feita uma avaliação estrutural.
Chuva intensa provoca 36 inundações e quatro desalojados no distrito de Évora
A chuva intensa que caiu no distrito de Évora provocou 36 inundações, até às 11h30, em vias públicas e habitações, tendo deixado quatro pessoas desalojadas no concelho de Estremoz, disse fonte da Proteção Civil.
A fonte do Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Évora indicou à agência Lusa que no distrito ocorreram, durante a madrugada e manhã desta terça-feira, 36 inundações, tendo o concelho de Estremoz sido o mais afetado, com 13 destas ocorrências.
As quatro pessoas desalojadas, de acordo com o CDOS, residem no Monte da Balofa, na zona da União das Freguesias do Ameixial (Santa Vitória e São Bento), tendo “a casa chegado a ter um metro e meio de altura”. A casa ficou sem condições de habitabilidade e as quatro pessoas foram realojadas em casa de familiares, acrescentou a mesma fonte.
No distrito de Évora foram ainda registadas cinco quedas de árvores e dois movimentos de massa.
Santarém acionou o Plano Especial de Emergência para Cheias na Bacia do Tejo
A Comissão Distrital de Proteção Civil de Santarém acionou o Plano Especial de Emergência para Cheias na Bacia do Tejo, no nível amarelo, devido ao “aumento considerável dos níveis hidrométricos e caudais do rio Tejo, especialmente nos provenientes de Espanha”.
Em comunicado, o Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Santarém refere que, desde as 00h00 desta terça-feira, os caudais estão acima dos 2.000 metros cúbicos por segundo (3.000 em Almourol), havendo risco “muito significativo” de galgamento das margens do Tejo.
O maior caudal lançado pelas barragens com influência no Tejo, com 2.000 metros cúbicos por segundo, ocorreu cerca das 06h00 desta terça-feira, é acrescentado.
“Perante os dados verificados e as consequências previsíveis decidiu a Comissão Distrital de Proteção Civil ativar o Plano Especial de Emergência para Cheias na Bacia do Tejo no seu nível Amarelo”, lê-se na nota.
A subida do nível da água, devido à forte precipitação dos últimos dias em Portugal e Espanha, já levou à submersão de parte do parque de estacionamento de Constância, junto ao rio Zêzere, e do cais de Tancos, no concelho de Vila Nova da Barquinha.
Para as próximas horas, o CDOS prevê que, no concelho de Santarém, possam ficar submersas a estrada nacional 365 na ponte do Alviela e em Palhais/Ribeira de Santarém, a estrada municipal que liga a Ribeira de Santarém a Vale de Figueira e o parque de estacionamento que se situa nas traseiras da estação de caminho de ferro, na Ribeira de Santarém.