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As autoridades ucranianas acreditam que a Rússia está a preparar uma grande ofensiva no início do próximo ano. O ministro da Defesa da Ucrânia, Oleksii Reznikov, prevê que as operações das forças russas podem começar já em fevereiro, à semelhança do que aconteceu no início da invasão.
Em entrevista ao The Guardian, Reznikov revelou que estão a emergir evidências de que o Kremlin está a dar passos para avançar com uma ofensiva mais ampla na Ucrânia. Prevê que as operações comecem em fevereiro do próximo ano, quando os russos mobilizados terminarem o processo de treino.
A Rússia anunciou a mobilização parcial em setembro – a primeira desde a Segunda Guerra Mundial – e, segundo Reznikov, já colocou no terreno metade dos 300.000 convocados para reforçar as fileiras russas depois dos revés no campo de batalha. A segunda metade dos militares deverá, na sua opinião, chegar à Ucrânia só em fevereiro, após um treino mais sofisticado.
“Os recrutas fazem um mínimo de preparação de três meses. Significa que estão a tentar começar a próxima vaga da ofensiva provavelmente em fevereiro, como no ano passado. Esse é o plano dos [russos]”, afirmou. Mas vai o Kremlin limitar-se à convocação dos 300.000 soldados? O Kremlin garante que sim, mas Reznikov não acredita na promessa. Considera que vão continuar o esforço de mobilização para além do anunciado, seguindo a estratégia de enviar o maior número de “corpos” para a batalha, na esperança de sobrecarregar as forças ucranianas, mais pequenas.
Nas declarações ao jornal britânico, Reznikov antecipava um cenário para o qual as autoridades ucranianas têm vindo a alertar. Ao longo das últimas semanas indicaram que a Rússia está a reunir homens e armas para uma nova ofensiva, que poderão lançar um grande ataque a partir do Donbass, ou mesmo da Bielorrússia. As tropas russas querem repelir as forças ucranianas e podem mesmo estar a programar uma segunda tentativa para retomar a capital, Kiev.
Em entrevista ao The Economist, o general Valery Zaluzhny, líder das Forças Armadas da Ucrânia, antecipava, à semelhança de Reznikov, uma ofensiva no início de 2023.
“A mobilização russa funcionou. Eles estão 100% preparados”, avisou Zaluzhny. O general prevê que as operações comecem já em fevereiro, “no melhor dos cenários em março e no pior em janeiro”.
Numa intervenção perante o Conselho Europeu, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, antecipou um período de maior esforço do país e dos seus aliados. “Os próximos seis meses serão decisivos em muitos aspetos no confronto que a Rússia iniciou com sua agressão”, sublinhou.