Celebridades e grupos de defesa dos direitos humanos estão a apelar ao regime iraniano que liberte a atriz e ativista Taraneh Alidoosti, presa no sábado por publicações de apoio aos protestos no Irão que duram há três meses, noticia hoje a AFP.

Taraneh Alidoosti, atriz de 38 anos, foi detida no sábado, acusada de espalhar falsidades sobre os protestos que têm agitado o país desde setembro, segundo informaram os ‘media’ estatais, que explicam que a atriz não apresentou “nenhum documento que comprovasse as suas denúncias”. A atriz divulgou na rede social Instagram uma mensagem a expressar a sua solidariedade para com um homem que foi recentemente executado por crimes alegadamente cometidos durante os protestos no país e acusou as autoridades iranianas de conduzirem um “banho de sangue” para reprimir a onda de protestos.

“Qualquer organização internacional que assiste a este banho de sangue sem reagir é uma vergonha para a humanidade”, escreveu Alidoosti na sua página Instagram, seguida por mais de oito milhões de pessoas e que hoje já não está acessível. Em novembro, a atriz tinha prometido permanecer no Irão, “pagar o preço” necessário para defender os seus direitos e deixar de trabalhar para apoiar as famílias das pessoas mortas ou presas durante os protestos.

A atriz Taraneh Alidoosti, uma das artistas mais famosas do Irão, foi detida pelas autoridades do país depois de se ter solidarizado com os manifestantes que se têm expressado contra o governo, as violações aos direitos humanos e a crise económica. Taraneh Alidoosti protagonizou o filme “O Vendedor”, de 2016, e é a atriz principal em “Os Irmãos de Leila”, em exibição neste momento em Portugal.

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A polícia iraniana acusa Taraneh Alidoosti de “disseminar falsidades” através de uma publicação efetuada no Instagram na semana passada em que critica organizações internacionais por não terem responsabilizado o governo do Irão pelo assassinato de Mohsen Shekari — um homem de 23 anos condenado ao enforcamento após ter bloqueado uma estrada em Teerão e ferido um soldado paramilitar.

De acordo com a BBC, que noticia a detenção da artista, Taraneh Alidoosti escreveu na rede social: “O nome dele era Mohsen Shekari. Cada organização internacional que assiste a este derramamento de sangue e não age é uma vergonha para a humanidade.” A agência de notícias Irna afirma que a atriz foi detida por não ter documentação que suporte as acusações presentes nesta mensagem, afirmou a polícia.

Desde os protestos eclodiram no Irão que Taraneh Alidoosti se tem expressado a favor dos manifestantes e contra o regime instalado no país. Em novembro, a atriz publicou uma fotografia em que surge sem lenço no cabelo e em que segura uma folha de papel com a mensagem: “Mulher, Vida, Liberdade” escrita em curdo.

Taraneh Alidoosti fez uma pausa na carreira artística para dar visibilidade às vítimas da repressão policial. Os protestos começaram após a morte de Mahsa Amini, que estava sob custódia policial no dia da morte por alegadamente estar a utilizar o hijab de forma incorreta. Desde então, centenas de pessoas morreram ou ficaram feridas nas manifestações.

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Hengameh Ghaziani e Katayoun Riahi, outras duas atrizes famosas no Irão, também foram detidas pelas autoridades por expressarem solidariedade com os manifestantes, em mensagens nas redes sociais, tendo já sido libertadas.

Em cerca de três meses de protestos, que têm sido fortemente reprimidos pelas autoridades iranianas, morreram mais de 500 pessoas e pelo menos 15.000 foram detidas, segundo a organização não-governamental (ONG) Iran Human Rights.