A Liga para a Proteção da Natureza (LPN) destaca aspetos positivos do Quadro Global da Biodiversidade (QGB) aprovado no Canadá, mas diz-se preocupada com a aplicação dos objetivos, que nalguns casos não são nem explícitos nem quantitativos.

Ainda que destacando metas acordadas “fortemente positivas“, a associação ambientalista “manifesta uma grande preocupação com o QGB, não ao nível dos princípios que estabelece, que são muito meritórios, mas da sua aplicação”, porque objetivos explícitos e quantitativos “foram caindo” durante as negociações.

Num comunicado sobre a conferência da ONU da biodiversidade (COP15) que terminou neste dia em Montreal, no Canadá, a LPN dá exemplos do que considera um enfraquecimento do documento, que perdeu “o sentido de urgência”.

“A título de exemplo, o texto proposto indicava que a área de ecossistemas naturais ameaçados deveria crescer pelo menos 5% até 2030 e 15-20% até 2050, mas o texto aprovado indica apenas que a área deve crescer de forma substancial, sem definir o que considera substancial. Também no caso dos 30% do território do planeta a proteger, manteve-se uma grande ambiguidade sobre as exigências mínimas para que uma área possa ser incluída nessa meta”, frisa a LPN.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Jorge Palmeirim, presidente da LPN e que participou na COP15, afirma, citado no documento: “Apesar das suas limitações, este QGB assume princípios ambiciosos, que resultam em grande parte do bom trabalho de negociação realizado pela União Europeia, sendo por isso fundamental que a Europa seja um bom exemplo na sua implementação e generosa no apoio à conservação nos países em desenvolvimento, tanto através do financiamento como da capacitação técnica”.

A LPN destaca ainda a posição de Portugal no processo, de se manter alinhado com as metas ambiciosas dos seus parceiros da União Europeia, e apela a que esta “atitude positiva” se mantenha nos próximos anos.

O QBD hoje aprovado reconhece que a Biodiversidade é fundamental para o bem-estar da humanidade e o equilíbrio do planeta, salienta a LPN, que destaca como positivo o objetivo de aumentar a área de ecossistemas naturais até 2050, a redução do risco de extinção de espécies (10 vezes menos até 2050), ou o compromisso de proteger 30% do planeta até 2030.

O estabelecimento de uma meta para, até 2030, iniciar o restauro de pelo menos 30% das áreas degradadas do planeta, a diminuição de introduções de espécies invasoras, a redução da poluição química e a diminuição de riscos associados ao uso de pesticidas são também medidas saídas da COP15 que a LPN destaca.

A COP15, com a presença de mais de 190 países do mundo, terminou neste dia em Montreal após mais de duas semanas de negociações. Uma primeira parte da conferência já se tinha realizado no ano passado na China.