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A posse que aconteceu no meio de acerto de contas entre Pedro Nuno e Medina

Este artigo tem mais de 1 ano

Sem surpresas, Pedro Nuno Santos concentrou as atenções na posse dos seus sucessores nas Infraestruturas e Habitação. Medina aproveitou o momento para o abordar e conversa estendeu-se até à rua.

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JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Esta foi a tomada de posse que aconteceu no meio de uma conversa entre um ex-ministro e um ministro que estiveram no epicentro da crise política mais atual. A conversa entre Pedro Nuno Santos e Fernando Medina já tinha começado na antecâmara da sala onde estava tudo alinhado para a posse. E continuou depois, até ao estacionamento, onde Pedro Nuno esbracejou com o ministro das Finanças e acabou a estender-lhe a mão para um passou bem.

A saída de Pedro Nuno Santos do Governo aconteceu no meio do caso de Alexandra Reis e a indemnização da TAP, com as ondas de choque a atingirem em cheio o Ministério das Infraestruturas comandado pelo socialista. No gabinete de Pedro Nuno Santos havia conhecimento do que fora pago pela companhia aérea à gestora e isso acabou por ditar a saída do ministro, mais ainda quando o ministro das Finanças veio a público dizer que de nada sabia. Episódio seguinte: demissão de Pedro Nuno. Mas a novela não fica por aqui.

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O caso tem várias pontas soltas e já fez o próprio ministro das Finanças dar uma longa conferência de imprensa com explicações. Agora, não desperdiçou o encontro com Pedro Nuno em Belém, para a posse dos novos governantes, para voltarem ao assunto. Ficou claro nas conversas a que o Observador assistiu durante o curto tempo que passaram por Belém (foi menos de uma hora de cerimónia).

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Já no espaço antes de entrarem para a sala dos Embaixadores, onde se realizou a tomada de posse, Medina conversava com Pedro Nuno, tanto que entraram os dois juntos na sala onde todos os olhares haviam de estar concentrados no ministro de saída. Durante a cerimónia, Pedro Nuno alinhou-se ao lado do secretário de Estado da Agricultura — o outro governante que estava de saída e que apareceu (Alexandra Reis já não foi) — e Medina ao lado de Duarte Cordeiro, para assistir à posse do seu novo secretário de Estado.

Medina não ficou para cumprimentos e esperou por Pedro Nuno fora da sala dos Embaixadores, depois da posse, juntamente com Duarte Cordeiro (ministro do Ambiente e um dos mais próximos de Pedro Nuno Santos), tanto que acabaram por seguir os três lado-a-lado até ao local onde estava a comunicação social. O ex-ministro não queria prestar declarações, mas ainda deixou a garantia de “disponibilidade” para ir ao Parlamento prestar “todos os esclarecimentos”  sobre o caso da indemnização da TAP. Acabou a dizer que ia “descansar” e, ao seu estilo, atirar um “dêem-me descanso”, mesmo antes de descer as escadas até ao estacionamento.

Foi nesse momento que Fernando Medina voltou à conversa com ele, ficando os dois isolados, junto aos carros, enquanto os restantes governantes que também estavam por ali no Pátio dos Bichos se mantiveram à distância.

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As imagens registadas pelo Observador permitem ver esse momento, em que Pedro Nuno gesticulava com Fernando Medina num momento especialmente tenso entre os dois eternos rivais no PS — ambos são colocados na pole da corrida à sucessão de António Costa e nunca nenhum dos dois se excluiu até hoje. A tensão até já se estendeu para dentro do partido, tal como já noticiou o Observador.

É Pedro Nuno quem estende a mão a Medina, encerrando a conversa antes de se dirigir ao carro para ir embora do Palácio de Belém onde deixou de ser ministro. Diz que “foram uns bons sete anos” e na hora da saída ouviu um agradecimento por parte do Presidente da República que lhe estendeu a mão de forma efusiva e o puxou para si, como já é da praxe.

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Seguiu-se o primeiro-ministro, com quem já tinha tido um episódio tenso em junho, na altura do polémico despacho sobre o novo aeroporto publicado à revelia de António Costa que forçou o ministro a revogá-lo, tudo publicamente. O episódio fragilizou politicamente um ministro com forte pendor político dentro e fora do Governo e a relação entre os dois vinha num caminho de recuperação desde aí. Na hora da despedida, António Costa ainda deu um abraço e acarinhou Pedro Nuno, com o ex-ministro sempre mais contido — já não foi quando abraçou os dois novos ministros, seus amigos, Marina Gonçalves e João Galamba.

A história dos dois deixa de se cruzar em governos, sete anos depois do momento em que Costa puxou Pedro Nuno para coordenar a sensível geringonça, mas não deverá deixar de se cruzar no PS. Isto porque o ministro sai agora de cena, deixando os órgãos nacionais, mas dentro de um mês regressará ao Parlamento e com V de volta à arena política.

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