O aumento do custo de vida, como consequência da inflação exacerbada pela guerra na Ucrânia, assim como a pobreza e a exclusão social são as questões que mais preocupam os portugueses, de acordo com o último Eurobarómetro.

Segundo o último relatório estatístico europeu, divulgado esta quinta-feira, que inquiriu 1.028 cidadãos portugueses de um total de 26.431 cidadãos pertencentes a Estados-membros da União Europeia (UE), 98% dos cidadãos nacionais identificou o aumento do custo de vida, por exemplo, através do aumento do preço de produtos alimentares e da energia como o assunto mais preocupante, uma percentagem que é em cinco pontos percentuais superior à média dos 27.

Apesar da preocupação, 47% dos inquiridos nacionais respondeu que até ao momento está a viver com algum conforto com os rendimentos de que dispõe, enquanto 40% revelou que enfrenta algumas dificuldades atualmente e 9% disse que enfrenta bastantes dificuldades com os rendimentos atuais. Em comparação com a média europeia, 46% responderam que vivem confortavelmente com os rendimentos que têm, enquanto 36% dizem passar por algumas dificuldades.

O tópico seguinte que mais preocupa a população nacional é a pobreza e a exclusão social (95%). Aqui há um hiato maior para a média europeia, já que 82% responderam que esta era uma preocupação maior.

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Mas a maior disparidade surge quando a questão é sobre a possibilidade de propagação de doenças infecciosas como a covid-19 ou a varíola dos macacos. Os portugueses são mais receosos do que a média europeia, uma vez que 83% responderam que estavam “preocupados” com essa hipótese, em oposição à média da UE, que é de 62%.

Com a guerra na Ucrânia a cumprir quase um ano e sem desfecho à vista continua a pairar o receio de uma escalada nuclear do conflito, que se refletiu na maioria dos mais de 1.000 cidadãos portugueses inquiridos. 89% respondeu que receia “incidentes nucleares” e apenas 9% respondeu que essa questão não levanta preocupações. Olhando para o conjunto dos países do bloco comunitário, 74% acredita que o risco é real, enquanto 25% descarta essa possibilidade

Questionados também sobre o estado da generalidade do país, 43% dos portugueses inquiridos considerou que está a ir “na direção errada”, mas aqui os portugueses estão abaixo da média europeia, que é de 62%. 30% dos cidadãos nacionais consideram que Portugal está no caminho certo, 16% não sabem e 11% consideraram que a situação do país continua igual.

Em relação ao estado da União Europeia, a percentagem portuguesa (35%) contrasta com a europeia (51%) quando a resposta é “as coisas estão a ir na direção errada. A mesma percentagem de portugueses considera que a União Europeia está no rumo correto.

Contudo, mais de metade dos portugueses (52%, no universo da amostra de 1.028) está otimista em relação ao futuro do bloco comunitário. Neste parâmetro, a população entre os 15 e os 24 anos e entre os 40 e os 54 anos é que apresenta uma fatia maior de otimismo em relação ao futuro da UE, 52% e 61%, respetivamente.