A Associação Montalegre Com Vida convocou uma manifestação para sábado, dia da Feira do Fumeiro, para mostrar que a luta contra a mina de lítio continua e alertar para os impactos da mineração, nomeadamente na água.

“O nosso objetivo é, mais uma vez, alertar para o impacto da mina do Romano e o Estudo de Impacte Ambiente (EIA) que está, neste momento, em análise, e das lacunas que este apresenta”, afirmou nesta terça-feira à agência Lusa Armando Pinto, dirigente daquela associação, que foi criada para lutar contra a mina que a Lusorecursos Portugal Lithium quer explorar na zona de Morgade, em Montalegre, no distrito de Vila Real.

O protesto foi convocado para sábado, terceiro dia da 32.ª edição da Feira do Fumeiro, evento considerado “âncora” para o concelho, que decorre entre quinta-feira e domingo e atrai muitos visitantes à vila transmontana.

Zero opõe-se a mina de lítio em Montalegre e aponta impacto sobre populações

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Entre os “vários” impactos decorrentes da exploração mineira está o consumo de água, uma preocupação que ganhou relevo em 2022 devido à seca que se fez sentir em todo o país.

“É dito no EIA que vão utilizar cerca de 10 mil metros cúbicos de água por dia, que é algo brutal. Ou seja, irá gastar mais este projeto da mina do Romano num dia do que o concelho num mês. Portanto, é algo que nós não podemos aceitar”, afirmou Armando Pinto.

O responsável apontou para a albufeira da barragem do Alto Rabagão (Pisões) que, no ano passado, desceu a níveis históricos e, neste momento e apesar da “quantidade de chuva que já caiu”, praticamente ainda “nem sequer está a meio” da sua capacidade.

“Num ano como este de seca, queríamos saber qual seria a opção? Seria deixar a população sem água ou seria fornecer essa água para um projeto desta dimensão”, questionou.

Para além da barragem, segundo Armando Pinto, a mina irá ainda recorrer a água de furos e desvios de cursos de ribeiros da zona. “Um projeto que consome esta quantidade de água não pode ser um projeto viável“, defendeu.

Armando Pinto lembrou ainda os estudos apresentados pelas universidades Nova de Lisboa, de Ciências do Porto, Minho e Trás-os-Montes e Alto Douro, e afirmou que estes “são unânimes em reprovar este tipo de projeto“, principalmente nesta região, salientando que “a única opção é chumbar o EIA”.

“Não podemos ficar calados e, por isso, mais uma vez vamos para a rua para mostrar o nosso descontentamento e alertar para as consequências da mineração. Queremos mostrar que o assunto não está esquecido, que vamos continuar na nossa luta e a mostrar que este projeto não tem pernas para andar, e esta é uma forma que nós encontramos para demonstrar isso”, afirmou.

Este é também um regresso às manifestações em Montalegre contra a exploração mineira, depois de um interregno provocado pela pandemia de Covid-19.

A concentração está marcada para a tarde de sábado, na praça do município, seguindo-se depois um desfile pelas ruas da vila, com passagem pela avenida principal, junto ao pavilhão multiúsos, onde estará a decorrer a feira.

A consulta pública do EIA da minha do “Romano” terminou em maio, com 511 participações submetidas no portal “Participa”. Esta foi uma das maiores participações registadas naquele portal ‘online’ relativamente a projetos mineiros.

O EIA da mina de lítio para Montalegre prevê uma exploração mista, a céu aberto e subterrânea, bem como a construção de refinaria para transformação do minério.